Deputado federal em segundo mandato, Walter Alves se prepara para disputar novamente uma cadeira na Câmara em 2022. Defendendo a bandeira municipalista, o parlamentar está confiante que o seu trabalho ao longo dos últimos anos em Brasília poderá resultar em mais um voto de confiança da população potiguar. Paralelo ao seu projeto de reeleição, o deputado, que é presidente estadual do MDB, organiza também a sigla com vistas ao pleito de 2022, e defende abertamente a presença do seu pai, o ex-governador e ex-senador Garibaldi Filho, na disputa eleitoral que se avizinha.
Walter Alves é o entrevistado da semana do “Cafezinho com César Santos”. Na entrevista, ele destaca, entre outros pontos, o legado de Garibaldi Filho como fator que coloca o ex-governador em posição destaque nas eleições do próximo ano. “Obviamente o nome do ex-senador Garibaldi Filho é lembrado em todas as pesquisas que a gente tem feito, que a gente tem visto, aparecendo em primeiro lugar para senador ali empatado com Carlos Eduardo, e aí você lembra que as pessoas recordam, rememoram a história de Garibaldi”, afirma.
O deputado também garantiu que o MDB estará presente na chapa majoritária em 2022 e não descartou uma aliança com o PT da governadora Fátima Bezerra. “É bom relembrar que o PT votou em Baleia Rossi para presidente da Câmara. Essa reaproximação já houve, ocorreu também com esse gesto do PT nacional. Então nós vamos conversar. A política é a arte do diálogo”, pontuou o parlamentar, abordando ainda outros assuntos, que você confere a seguir. Acompanhe.
Deputado, qual o projeto do MDB do Rio Grande do Norte para 2022?
O MDB passa por um bom momento. Nós tivemos um insucesso eleitoral em 2018, como é de conhecimento público Garibaldi (Alves) não conseguiu ser reeleito senador, então 2020 foi um grande teste para o nosso MDB e nós conseguimos eleger 39 prefeitos, 30 vice-prefeitos e mais de 400 vereadores. Então isso mostra a força do MDB, o trabalho do MDB que as pessoas rememoraram. Eu participei da campanha, foi um momento atípico no meio de uma pandemia, mas mostra que o partido saiu muito fortalecido e vamos entrar em 2022 muito forte, participando da chapa majoritária e colocando nosso nome à disposição para deputado federal.
O senhor falou que o MDB participará da chapa majoritária. Participa ou pode ter uma candidatura própria na majoritária?
Falta um ano para a eleição e o MDB está de portas abertas para conversar com todos. A política é arte do diálogo. Nós estamos conversando com todos os partidos e no momento certo nós vamos ouvir os prefeitos, os vice-prefeitos, ex-vereadores, vereadores, enfim, todos, e principalmente o povo para definirmos o melhor caminho. Obviamente o nome do ex-senador Garibaldi Filho é lembrado em todas as pesquisas que a gente tem feito, que a gente tem visto, aparecendo em primeiro lugar para senador ali empatado com Carlos Eduardo, e aí você lembra que as pessoas recordam, rememoram a história de Garibaldi, que foi o governador que fez o maior programa de adutoras do estado, o programa do leite, por exemplo, que diminuiu a mortalidade infantil, que gerou emprego e renda para o homem do campo, tantos investimentos no turismo do nosso estado, o PIB do Rio Grande do Norte era acima do Nordeste e acima do Brasil, por tudo isso as pessoas relembram e hoje todas as pesquisas apontam o ex-senador Garibaldi Filho como primeiro ou segundo colocado para senador, mas no momento certo nós vamos decidir.
O senhor falou que o MDB está aberto para conversar com todos os outros partidos. Evidentemente que isso aí inclui o PT da governadora Fátima Bezerra. Já existe algum diálogo aberto, alguma aproximação do grupo com o PT da governadora?
Olha, o que tem acontecido é que desde a eleição da presidência da Câmara em 2020, que disputou Baleia Rossi, que é meu amigo e presidente nacional do MDB, e o atual presidente Arthur Lira, o presidente Bolsonaro deu um apoio muito forte ao presidente eleito, então de lá para cá houve um distanciamento do MDB nacional, vocês têm acompanhado notas do MDB nacional, e algumas posturas radicais do presidente, então o MDB nacional tem realmente se distanciado do presidente Bolsonaro e o PT tem nos procurado. No Nordeste, algumas alianças já foram concretizadas, como, por exemplo, no Ceará, em Alagoas, no Maranhão também caminha nesse sentido, vários outros estados, não só aqui no Nordeste, como também no Pará, com o governador Hélder Barbalho. O PT nacional tem nos procurado e o MDB está de portas abertas e nós iremos conversar também com a governadora professora Fátima.
A possibilidade real de uma aliança do MDB com o PT, essa reaproximação, ela pode se sobrepor a uma decisão local?
Sim, é bom relembrar também que o PT votou em Baleia Rossi para presidente da Câmara. Essa reaproximação já houve, ocorreu também com esse gesto do PT nacional. Então nós vamos conversar. A política é a arte do diálogo, o MDB hoje, como eu já disse, é o maior partido do estado, em termo de prefeito, vice-prefeito, vereadores, nós temos o nome que desponta em todas as pesquisas e no momento certo nós vamos conversar com todos.
Deputado, o fato de o PT do Rio Grande do Norte ter governadora e ter o direito natural à reeleição, e também ter um senador que já declarou que pretende disputar a reeleição, aí você tem duas vagas na majoritária preenchidas, isso pode dificultar o diálogo do MDB com o PT?
Olha, é isso que nós vamos conversar no momento certo. Obviamente pelo tamanho, pela força, pela história, pelo passado, pelo presente e pelo futuro do MDB, o MDB vai estar presente na chapa, na chapa do candidato a governador, senador, vai estar participando ativamente. O MDB obviamente que desperta o interesse de todos pela musculatura do tamanho e da força do partido, e o nome de Garibaldi, que está acima do partido.
É inegável a história de Garibaldi, que foi governador duas vezes, senador da República. Numa possibilidade de candidatura dele e diante de especulação que ele poderia ser vice da governadora Fátima Bezerra, essa possibilidade ela existe, ou se Garibaldi fosse candidato seria a outro cargo na majoritária?
É muito cedo essa conjuntura, tem muita especulação. Nós vamos conversar com todos e no momento certo vamos decidir. O senador Garibaldi, eu falo aqui não é só pelo laço sanguíneo, porque é meu pai, mas que pela história dele, pelas pesquisas recentes, pela história não só como governador como já foi dito, senador, presidente do Senado, ministro do Estado, sem processo, ficha-limpa, você vê que diante de tantas acusações que políticos tradicionais sofreram, o nome do ex-senador Garibaldi Filho não tem um processo contra ele, então isso mostra que além do trabalho, a postura, então por tudo isso a gente, no momento certo, na hora certa, vamos definir o melhor caminho para o Rio Grande do Norte, também pensando obviamente no nosso partido.
Recentemente, o ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, citou a possibilidade de ser candidato a governador outra vez. Há uma ponte que possa unificar a família Alves em torno de um nome, como do ex-prefeito Carlos Eduardo?
O ex-prefeito Carlos Eduardo, com quem nós temos uma boa relação, hoje ele representa o PDT aqui no Rio Grande do Norte. O que ele tem dito é que tem conversado obviamente com o PDT e irá ser candidato a governador ou senador. Aqui eu falo pelo MDB, o MDB irá participar da chapa majoritária, o nome mais forte que a gente tem, por tudo que foi dito, como candidato a senador, hoje é o ex-senador Garibaldi Filho.
Deputado, vamos falar sobre o plano nacional. Hoje está muito clara essa polarização entre lulistas e bolsonaristas, entre esquerda e direita, e em algum momento o centrão sinalizou que poderia construir um nome para oferecer como boa opção ao eleitor brasileiro, mas até aqui o centrão não conseguiu consolidar isso. Por que que o centrão não consegue construir um nome para fazer frente a esses dois lados da política brasileira?
Olha, César, esse radicalismo, esse confronto, eu discordo. Eu acho que a política é arte do diálogo, o presidente da República tem que ter uma boa relação com os Poderes constituídos, Congresso, Poder Judiciário e aí o presidente tem sido um pouco radical, então esse distanciamento, automaticamente essa polarização entre o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula tem, vamos dizer, concentrado a opinião pública. Mas, por exemplo, tem um nome que tem surgido aí no MDB, de uma mulher muito combativa, uma mulher que tem um trabalho muito elogiado, que é a senadora Simone Tebet, pode ser um nome que eu não diria do centrão, porque o MDB hoje não é centrão, não participa do governo Bolsonaro; o MDB é independente, eu participo da Executiva Nacional do partido, a nossa postura tem sido de independência, como vocês podem acompanhar nas votações importantes a gente tem votado. Eu acho que essa polarização não é boa e se vai surgir um nome realmente só o tempo dirá.
O senhor não votou a favor do “fundão eleitoral”, desse aumento para quase R$ 6 bilhões, mas também o senhor não votou contra, o senhor não participou da sessão. Para deixar claro: qual a posição do senhor em relação ao fundão aprovado pelo Congresso.
Ótima pergunta. Esse assunto não foi debatido, então na hora da votação, que é virtual, que é pelo Zoom, pelo aplicativo do celular, eu não estava sabendo como era a votação. Então eu realmente não votei. Eu sou a favor do financiamento público, que aí as pessoas têm que saber o seguinte, o que é financiamento público e o que é financiamento privado. O que que ocorreu no Brasil? Promiscuidade do dinheiro público para a iniciativa privada, que ocorreu a Lava Jato e alguns políticos foram implicados. Eu sou a favor do financiamento público. Agora um valor que seja razoável, não um valor exorbitante como esse que votaram.
Como o senhor imagina, prevê o desfecho dessa CPI da Pandemia em Brasília?
Sou a favor obviamente de se investigar, não pode haver negligência, conivência, agora com muita cautela, eu acho que tem que se ter mais objetividade, não pode radicalizar, mas é importante, há fatos novos aí e que se possa no momento final se averiguar se houve ou não uma omissão, conivência ou negligência do Poder Público com relação a perdas de mais de 500 mil vidas, que infelizmente ocorreram.
Trazendo pra o Rio Grande do Norte, o MDB se dividiu na Assembleia em relação à CPI da Covid. Nelter Queiroz é abertamente a favor da CPI, trabalhou por ela e o Dr. Bernardo votou contra a instalação dessa Comissão. O que que o partido pensa em relação a essa divisão e a essa investigação que a Assembleia promete fazer?
Nós temos que respeitar a opinião dos nossos colegas deputados Nelter e Dr. Bernardo, vamos esperar ser aberta ainda a CPI, nós temos uma opinião clara do deputado Dr. Bernardo, que tem dito que não é favorável à abertura da CPI, ao contrário do deputado Nelter Queiroz.
Mas a posição desses dois deputados do MDB está muito clara. Nelter Queiroz é oposição aberta e Bernardo está na bancada governista, ele inclusive acompanhou a governadora Fátima Bezerra agora em agenda do Alto Oeste. Como é que o partido entende essas duas posições?
A gente está conversando com os partidos. Não houve nenhuma definição dos partidos. No momento certo, nós vamos conversar sobre a liderança do ex-senador Garibaldi Filho, com o deputado Bernardo, com o deputado Nelter, com os prefeitos, com os ex-prefeitos, com todos para tomarmos uma decisão que possa unir o partido em torno do caminho que iremos definir em 2022.
Deputado, o senhor vai mais uma vez colocar o nome para julgamento do eleitor. O que faz lhe crer que o eleitor possa lhe dar mais um mandato na Câmara Federal?
Eu tenho procurado pautar o meu mandato com muito trabalho. Eu viajo na segunda-feira, terça-feira para Brasília, retorno na quinta, sexta, minha família mora toda aqui no Rio Grande do Norte, aqui em Natal. O meu mandato, ao longo só do ano passado para esse, nós já conseguimos de emenda parlamentar, de recursos para o nosso estado, algo em torno de R$ 80 milhões de reais. Eu sou um deputado municipalista, e o que é um deputado municipalista? Um deputado que ajuda aos municípios do seu estado, chega à ponta os nossos recursos. Semana retrasada, estive em Angicos, e estamos viabilizando para a saúde uma nova UBS. Na região Oeste, Assú, Apodi, Mossoró, também estive recentemente na Liga do Câncer, ao lado dos vereadores do MDB, destinando recursos.
Para finalizar, quanto à produção legislativa do senhor, como o senhor avalia até aqui?
Na parte legislativa, tramita na Câmara Federal uma PEC de nossa autoria que autoriza o reparcelamento da dívida do INSS em até 300 vezes. Isso aí não é utopia, já ocorreu em outros governos. As prefeituras têm muita dificuldade de capacidade de investimento com recursos próprios. Eu costumo dizer que o primo rico da gente, que é o Governo Federal, tem que rever esse pacto federativo, porque o bolo tributário se concentra na União, dificultando a vida dos estados e municípios que não têm dinheiro para investir. Então quem tem essa capacidade é o Governo Federal. Eu defendo o pacto federativo, sou um deputado que participa ativamente da vida nos municípios, ajudando pra valer os municípios do Rio Grande do Norte, tenho vários projetos que estão tramitando e no momento certo, na hora certa vamos colocar o nosso nome à disposição para o julgamento popular.
A entrevista foi concedida ao jornalista Cesar Santos do Jornal de Fato