Aumento registrado entre 2006 e 2016 foi o maior entre os estados brasileiros. Estudo foi divulgado nesta terça-feira (5) pelo Ipea e Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Em 2006, o Rio Grande do Norte tinha a terceira menor taxa de homicídios do Brasil. Mas a realidade mudou bastante. Uma década depois, o estado se tornou o terceiro mais violento na federação. O crescimento de 256,9%, na taxa de homicídio para cada 100 mil habitantes foi o maior do país, segundo os dados do Atlas da Violência, divulgado nesta terça-feira (5) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Os potiguares conviviam com uma taxa de 14,9 homicídios para cada 100 mil habitantes no início do período estudado. Isso era pouco mais da metade da média nacional, que foi de 26,6 em 2006. Em 2016, porém, a taxa do estado já era de 53,4 contra 30,3 no Brasil.
O estudo é feito com base em dados do Ministério da Saúde. Com 30 assassinatos por 100 mil habitantes, o Brasil tem taxa de homicídios 30 vezes maior que a da Europa.
Antes, o estado só era mais violento que Santa Catarina (11,2) e Piauí (13,8). Apesar de também terem crescimento na taxa, esses estados se mantiveram entre os mais seguros do país. Já o RN encerrou o período figurando entre os mais violentos, atrás apenas de Sergipe (64,7) e Alagoas (54,2).
O problema não é exclusividade do Rio Grande do Norte. Dos sete estados que tiveram crescimento superior a 80% na taxa de homicídios ao longo dos 10 anos, cinco, além do RN são nordestinos. O sétimo é o Acre, na região Norte. O bom exemplo na região foi Pernambuco, que contou com redução de 10,2%.
Ao todo, sete estados reduziram as taxas. Entre eles, os mais populosos do país, como São Paulo, onde a queda da taxa de mortes por 100 mil habitantes ultrapassou 46%. No Rio de Janeiro, a redução foi de 23,4%.
Quase 2 mil mortes
Ao longo dos 10 anos, o estado teve quase 12 mil mortes. Considerando apenas o número absoluto de assassinatos, o estado também registrou o maior crescimento do país. Enquanto no início da década o estado registrava 455 mortes violentas ao longo de um ano, em 2016 elas chegaram a 1854. O crescimento é de 307,5%. No Brasil, esse aumento foi bem menor: 25,8%.
Já o estado com segundo maior crescimento no número absoluto, percentualmente teve metade do aumento potiguar. O Tocantis registrou 152,0% na evolução do número de mortes violentas, passando de 229 casos para 577.
Juventude perdida
O Rio Grande do Norte também encerrou a década estudada pelo Atlas da Violência com a segundo maior taxa de mortes de jovens entre 15 e 29 anos. São 125,6 a cada 100 mil habitantes nessa idade. O estado ficou atrás apenas de Sergipe, com 142,7. A maioria é formada pelos homens. Se for considerada apenas esse grupo, especificamente, a taxa é de 237,3 para cada 100 mil jovens homens potiguares.
Em 2016, 60,8% das vítimas de mortes violentas eram jovens potiguares. Do total de 1.854 mortos naquele ano, 1.129 tinham entre 15 e 29 anos. O crescimento da taxa de homicídios ao longo dos 10 anos, apenas nesse público, foi maior que a média estadual e chegou a 380,1%.
Mulheres e negros
O Rio Grande do Norte tem um número de mortes violentas de mulheres acima da nacional, mas abaixo de vários estados. Entretanto, quando se compara crescimento desse tipo de crime, o estado teve o segundo maior na década, praticamente empatado com o Maranhão, com 114%. Em 2006, o estado registrou 42 assassinatos de mulheres. Em 2016, foram 100.