Vítima mais recente, José Mendonça, de 12 anos, foi sepultado nesta terça (3). Secretaria de Saúde não tem prazo para retomar oferta.
em realizar transplantes de medula óssea há cerca de um ano, o Rio Grande do Norte perdeu 20 crianças que morreram à espera do tratamento necessário para doenças como a Leucemia. O dado é da Hatmo – associação Humanização e Apoio ao Transplantado de Medula Óssea. Muitos desses pacientes já contavam com doadores, mas não tiveram possibilidade de realizar o procedimento.
A vítima mais recente foi José Mendonça, de 12 anos, sepultado nesta terça-feira (3). “Ele foi encaminhado para fazer o transplante em Jaú (estado de São Paulo), mas como os tramites demoram, quando ele chegou lá a medula já estava contaminada”, revela a presidente da Hatmo, Rosali Cortez. A doença voltou e o menino não resitiu ao novo tratamento.
Os transplantes de medula foram suspensos, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, por várias questões, tais como mudanças de equipes técnicas e habilitação vencida. As cirurgias em adultos serão retomadas na próxima semana, mas não há prazo para a retomada dos procedimentos pediátricos.
Rai Rodrigues, de 9 anos, segue sem conseguir tratamento, apesar de ter uma doadora 100% compatível. O G1 contou a história dele há uma semana. A criança luta contra a leucemia há quatro anos e a irmã, com um ano de idade, tem toda capacidade de doar uma medula saudável para ele. Apesar de a Secretaria de Saúde ter informado que ele passaria por uma consulta para realizar a cirurgia em outro estado, a família ainda não foi contatada.
O medo da mãe de Rai, Fernanda Rodrigues, é que o filho não tenha tempo. “Nenhuma mãe quer perder seu filho. E saber que você tem um doador e a chance passar por suas mãos é muito dificil. Se eu pudesse fazer com minhas próprias mãos, faria”, diz ela.
Procurada para comentar o caso, a Central de Transplantes informou que o garoto não poderia entrar nos primeiros lugares nas filas de espera em outros estados. Não há prazo para que ele consiga o procedimento.
Sem os transplantes, cresce o número de mães que choram pela falta de oportunidade relegada aos seus filhos. Brenda Lopes perdeu Áylla, com apenas dois anos e meio da idade, em maio de 2017. O pai era doador compatível com a menina, mas ela não suportou a espera. Hoje, a mãe luta para que outras crianças não passem pelo que a pequena passou. “A maior chance de vida da minha filha, eles (governantes) não nos deram, eles tiraram isso da gente. Eles não podem tirar vidas de crianças. Estão lidando com vidas de pessoas que poderiam ter um futuro”, lamenta.