Por Kelps Lima*
Infelizmente, como venho dizendo desde 2013, se o Rio Grande do Norte não mudasse e modernizasse o modelo de gestão o Estado iria falir. Pois bem, o Estado está falido, e mais grave ainda, governador por um cidadão despreparado e conectado com o que existe de pior na política do Rio Grande do Norte.
Engolido pela crise que ajudou a criar, Robinson faria não tem a menor ideia do que fazer para sair dela. A construção de sua carreira política, agregada às elites do Estado e somada ao seu despreparo, não lhe permite tomar as medidas necessárias para iniciar o processo de reconstrução da máquina pública potiguar. Isso mesmo, iniciar, pois o caminho da reconstrução será longo, independente de quem seja o Governador. E esse é um dos problemas, constitucionalmente Robinson será Governador por mais 1 ano, sem ter nenhuma credibilidade para conduzir uma reforma estrutural.
Esta semana o Governador convocou a Assembleia Legislativa para votar um “Pacote de Ajuste Fiscal”, apresentado, mais um vez, como a única salvação para as contas públicas do Rio Grande do Norte.
O “Pacote” tem 2 “alvos”: vender o patrimônio do Estado e colocar a conta no bolso dos servidores públicos. A ideia é colocar o servidor, com o aumento da alíquota, para pagar o rombo promovido pela velha classe política na Previdência Pública e vender alguns imóveis para fazer obras eleitoreiras na véspera da eleição.
Robinson elegeu o servidor público como culpado pela crise e sua ideia é puni-lo.
Em nenhuma linha do pacote a elite do serviço público potiguar é chamada a dar sua parcela. Assembleia, Judiciário, MP e TCE não irão diminuir de tamanho, nem devolver suas sobras orçamentárias. Por fazer parte de um desses poderes, posso dizer, sem medo, existe espaço, sim, para a redução orçamentária.
Um teto salarial para estancar os super salários também não entrou na pauta. Um grande projeto de modernização e eficiência no serviço público sequer foi discutido, como se não existisse desperdício em nossa gestão.
O Governador também não propôs uma auditoria nos programas de incentivo fiscais nas empresas do Estado, para separar o joio do trigo. Existem empresas que cumprem o acordado com o Estado na criação de empregos e geração de renda e merecem o incentivo.
Existem outras, apadrinhadas pela turma de Robinson, que só fazem usufruir dos incentivos fiscais e devem ser obrigadas a pagar impostos para atenuar os problemas de caixa do Governo.
Como bem disse o jornalista Bruno Barreto, Robinson não pode fazer isso, por dois motivos: primeiro por fazer parte dessa elite que domina a máquina pública potiguar e, segundo, pelo medo de ter seu mandato cassado ou suas contas reprovadas.
Robinson sabe que já perdeu totalmente a credibilidade junto ao povo e à massa dos servidores públicos. Ele agora tenta salvar sua relação com as elites.
*Kelps Lima é Advogado, mestrando em Políticas Públicas e Deputado Estadual.