QUEM É IDIOTA E IMBECIL?
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) chamou de “idiotas úteis e imbecis” os estudantes que saíram às ruas nesta quarta-feira, 15, em protesto ao contingenciamento de recursos para a educação; e considerou que a maioria dos manifestantes “é militante; não tem cabeça; e se perguntarem sete vezes oito para eles, não sabem responder.”
A reação de Bolsonaro é tão grave quanto o corte de R$ 1,7 bilhão da educação. Mais do que isso: revela a ira de um presidente autoritário, agressivo e perigoso. Sim, perigoso, na medida em que além de castigar o ensino brasileiro, ataca os jovens que precisam dos bancos das escolas e das universidades públicas para construir o futuro do Brasil.
É fato que o presidente desde sempre se apresentou um arrogante, presunçoso, rompante, e sequer escondeu esse perfil no período em que era postulante à Presidência da República, e que precisava da simpatia e do voto dos brasileiros para escalar a mais poderosa rampa do País. Depois da faixa no peito, ele piorou. Desceu todos os degraus da humildade para se impor como todo poderoso, se achando no direito de fazer o que quer, atacar a quem quiser e se estabelecer acima do bem e do mal.
O problema de quem só enxerga a si mesmo é que não percebe o que está acontecendo ao seu redor. Enquanto Bolsonaro classificava os estudantes de “idiotas e imbecis”, a manifestação democrática, pacífica e legítima ocupava o asfalto dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal. Mais do que o protesto ao corte de 30% das universidades federais e das escolas técnicas federais, as manifestações ganharam corpo e um movimento ainda maior, que é o da decepção e insatisfação dos brasileiros com o governo que aí está.
Os brasileiros estão revoltados com o aumento do preço dos combustíveis, do número de desempregados que chega aos 13 milhões, do caos na saúde pública e do agravamento de outras mazelas. O protesto ao corte da educação é apenas o pano de fundo para uma indignação que começa a ganhar dimensão e que daqui a pouco, se nada for feito, se transformará em algo incontrolável, como já visto na história recente.
Um governo arrogante não tem a capacidade de fazer tal leitura ou de admitir que o país começa a ser colocar contra ele. Por consequência, não mudará o perfil ou o rumo da gestão. O preço que já é caro, se tornará ainda mais indigesto num futuro próximo.
O fato é que não se questiona, nesse momento, se o governo foi obrigado a fazer o contingenciamento em várias áreas, inclusive na educação, devido ao desequilíbrio financeiro do país, mas sim a forma como esse governo trata a questão e/ou se comunica com o país.
Tivesse ele, o presidente, tratado o contingenciamento dialogando com as autoridades da educação, certamente o País entenderia a questão. Bolsonaro preferiu passar a ideia de que estava retaliando universidades que promoveram “balbúrdia”.
O resultado é este que aí está, repercutido no asfalto
Artigo do Jornalista César Santos