Por Daniel Menezes
Um grupo político começa a sofrer em sua narrativa com a publicação de conversas nada agradáveis e demonstrando práticas ilegais de seus ídolos. O caldeirão ferve.
O que fazer? Em alguns momentos, os envolvidos negam os diálogos. Em outros, os papos estão alegadamente fora de contexto. Falam também em hacker, mas se recusam a gerar evidências em prol da própria tese. Não entregam os celulares. O sistema jurídico permite, e é bom que assim seja, que qualquer pessoa não gere prova que a incrimine. É uma garantia individual importante, mas sintomática no presente caso.
Mas os seguidores seguem órfãos e na defensiva. O conteúdo, que até então “era fake”, passa a ser chancelado pelos principais jornais e revistas do país. Surgem diálogos cada vez mais comprometedores: juiz que age junto com os acusadores e eles interferem, sempre ao arrepio da lei, em assuntos que não têm a menor competência.
A coisa fica difícil até que alguém produz a “brilhante” ideia de simplesmente inventar uma outra história, para contra atacar e afagar a bolha furada.
Um perfil anônimo e sem pé nem cabeça é criado no twitter e prints de conversas contra jornalistas são espalhados. O conteúdo é tão escancaradamente falso, que parece criado por uma criança no paintbrush do Windows. As traduções dos “documentos revelados” falam por si: lotadas de erros banais. As agências de checagem brasileiras desmontam o discurso.
Mas o que foi relatado acima não é o único sinal dos tempos. O que marca nosso contexto como sombrio é ver jornalista de formação – eles adoram lembrar tal aspecto para quem não é -, colocando o Pavão Misterioso em pé de igualdade com as revelações do The Intercept, Folha, Veja, Uol e Band News.
Se é possível esperar que jornalistas experientes caiam nessas esparrelas, por qual razão criticar a maior parte dos leitores que nunca fizeram um curso de comunicação e, na maioria das vezes, só acessam as notícias pelos títulos que passam em suas timelines?