Jair Bolsonaro, em sua vida política, já esteve filiado a quase uma dezena de Partidos Políticos. Ao que consta, sempre teve eleitorado próprio e fiel, dependendo ele da sigla apenas para cumprimento da Lei Eleitoral, que assim obriga. Ainda hoje, enquanto pré-candidato a Presidente da República, a situação é a mesma. Os eleitores de Bolsonaro não acreditam num Partido político e, corretamente, sabem que a projeção de Jair Bolsonaro pode ser utilizada por oportunistas de seu próprio partido circunstancial, para seus fins particulares.
Filiado ao PSC, mas sem apoio desse Partido para sua candidatura presidencial, Bolsonaro tem sido protagonista de uma verdadeira novela para mudança de sigla. Tentou ir para o PEN ( rebatizado PATRIOTA, a pedido do mesmo), mas não deu certo. Uma disputa pelo Poder dentro do próprio Partido, mostrou que há muita gente inexpressiva tentando “pegar carona” no capital político de Bolsonaro e ser eleito alguma coisa – no puro oportunismo e malandragem.
Afinal, pensam alguns, se Lula consegue “transferir votos” ( voto de cabresto), Bolsonaro também consegue. Apostam que o eleitor de Bolsonaro tem o mesmo perfil dos lulopetistas, no que tange a escolhas políticas. Obviamente, estão enganados. Também sabemos que o próprio Jair Bolsonaro pode ser enganado, como qualquer ser humano. Já o foi, inclusive.
Eleitores de Bolsonaro confiam no “Mito”, isso é evidente. Mas isso não quer dizer que votem também em quaisquer desconhecidos que apareçam nas vésperas da eleição, se dizendo “lideranças” e lançando candidatura por que são “honestos e apóiam Bolsonaro”. Quem disse que esse candidato “honesto e apoiador de Bolsonaro” representa o eleitor de Bolsonaro, a quem pede identificação automática, apoio e voto? Aí a questão partidária se tornou importante – quem afiança que o partido político escolhido de última hora por Jair Bolsonaro está livre de oportunistas – que nunca apoiaram publicamente Bolsonaro, ou qualquer bandeira da Direita, mas que agora querem um cargo eletivo no “oba-oba”? Assim foi no Patriota 51.
No momento, a história se repete no PSL ( Partido Social Liberal), a nova sigla pretendida por Bolsonaro. Partido desconhecido até aqui, à sombra da chegada de Bolsonaro já tem divulgado nomes para o Governo do Estado do RN e outros cargos, por exemplo. Nomes totalmente desconhecidos da militância pré-existente de Jair Bolsonaro e da Direita no Estado. A militância de base não tem se manifestado a favor dessa “representação” (que não a representa) e que, em última análise, não é o “apoio” que Bolsonaro precisa – se é que é “apoio” mesmo!
O que está parecendo é que o movimento pró-Bolsonaro ia de um jeito, mas que no aproximar da eleição, “alguém” determinou quem são os “homens de Bolsonaro” ( pessoas em quem, supostamente, quem vota em Bolsonaro deve votar, também). E não falo do PSL ( sigla puramente circunstancial). Pode parecer ingênuo o senso comum da militância, mas quem não está a fim da continuidade da “Política Tradicional”, não vai votar em nenhum “coronel” ou “apoiador de Bolsonaro” sem trajetória no movimento de Direita: ser honesto é pouco, tem que demonstrar com sua história pessoal que também não é um oportunista eleitoreiro.
Parece meio óbvio que há uma diferença entre os apoiadores de Bolsonaro (e suas lideranças de fato) e os pré-candidatos que estão se colocando por aí, gente, em sua maioria, da qual não se conhece uma proposta sequer, que nunca fez parte do cenário de Direita local – mas que já é o “Deputado”, o “Governador” de quem vota em Bolsonaro (ou assim querem fazer parecer).
Nesse afã, já houve cizânia entre movimentos de base da Direita e “gente da articulação política estadual” que, na avaliação desses movimentos, só queria usar a militância como “escada” para “aparecer” artificialmente. Na cidade de Assu, em outro exemplo, foi afastada da “direção do movimento” a dedicada e reconhecida ativista de Direita, Najla Pelosini. Em seu lugar, foi “escolhido de cima” para “dirigir os trabalhos” um obscuro ex-vereador local, eleito dessa vez apenas por ser suplente e pelo acaso de dois falecimentos, tendo perdido a eleição seguinte ( obviamente por falta de respaldo popular) e, muito importante: sem nunca ter sido de Direita ou apoiador de Bolsonaro. A militância não se sente representada por essa tal “articulação estadual de Bolsonaro”, nem a apoia, como é fácil supor. Aliás, como foi construída essa “articulação estadual de Bolsonaro” no RN, que ninguém sabe? Quem os definiu como tal, quem lhes reconheceu como lideranças do movimento? Por que ignoram a militância que já estava em atividade, excluindo suas lideranças reais do cenário político-partidário? São as perguntas que não querem calar, constantemente repetidas. O movimento de Bolsonaro teria sido contaminado? Agora, tal questão é pertinente.
Desse jeito, teremos Bolsonaro Presidente e outros cargos em branco, no voto digitado na urna eleitoral. É o que tenho escutado em várias oportunidades, das pessoas. Não posso tirar a razão de quem pensa assim, diante do cenário. Afinal, o Partido dos Bolsonarianos é o próprio Bolsonaro… Mas ele próprio que se cuide, pois seu eleitorado é exigente e pode, tranquilamente, lhe retirar o apoio, se deixar de se sentir confiante na sua conduta. E o PSL, ao que consta, é uma sigla que apareceu no caminho de Jair Bolsonaro ontem, não tendo nenhum vínculo anterior com o eleitorado Bolsonariano ou com suas lideranças verdadeiras, reconhecidas pela Militância.
Espero estar enganado, mas parece que, em 2018, o RN não terá alternativa viável aos políticos tradicionais, infelizmente. O motivo é que o que se pretendia que fosse a “nova Política” está nos mesmos passos da “velha Política”.
E que Deus abençoe o Brasil!
Erick Guerra, O Caçador