O oncologista João Carlos Neiva, do Hapvida, explica que o câncer de próstata está diretamente relacionado ao envelhecimento do homem. Ele alerta que aspectos hereditários têm um impacto significativo, sendo que os riscos são maiores para homens com parentes de 1º grau que desenvolveram a doença. “Bem como alguns fatores ambientais e sociais, como obesidade e tabagismo, de alguma forma contribuem para o aumento da incidência desta patologia”, acrescenta o oncologista. Saiba mais sobre o câncer de próstata na entrevista abaixo:
Como o câncer de próstata se desenvolve?
O câncer de próstata está diretamente relacionado ao envelhecimento do homem, sendo assim esperado que com o passar dos anos os homens possam vir a desenvolver esta patologia.
Aspectos hereditários têm um impacto significativo, sendo que nos homens com parentes de 1º grau que desenvolveram a doença, os riscos são maiores, bem como alguns fatores ambientais e sociais, como obesidade e tabagismo, de alguma forma contribuem para o aumento da incidência desta patologia.
Quais são os sintomas?
Inicialmente o câncer de próstata é assintomático, mas a partir do momento que a próstata aumenta de tamanho devido à presença do mesmo, sintomas urinários podem aparecer, como dificuldade para iniciar ou finalizar a micção, gotejamento após o término da micção, redução do calibre e força do jato urinário, aumento da frequência da micção à noite. Mas devemos lembrar que estes não são sintomas exclusivos do câncer de próstata, doenças benignas como a hiperplasia prostática benigna, que é o aumento do tamanho da próstata sem a presença de tumor, pode também cursar com os mesmos sintomas. Devido a isto, ao perceber estas alterações miccionais os homens devem procurar seu urologista de confiança.
Pelo fato do câncer de próstata ser uma doença, às vezes, silenciosa, não infrequente só conseguimos dar o diagnóstico quando a doença se encontra em uma fase avançada, com o aparecimento de dores ósseas, principalmente em quadril e coluna lombar. Neste caso, a doença não está mais localizada no órgão e já se disseminou, como forma de metástases para os ossos.
Existe alguma forma de prevenção do câncer?
Prevenção, sim, sempre. Manter hábitos de vida saudáveis, manter um ritmo regular de atividade física, evitar obesidade, alimentos mais saudáveis, menos condimentados ou industrializados, não fumar, evitar excessos em todos os níveis. Na verdade, estas medidas básicas previnem a grande maioria das doenças mais prevalentes e mais fatais da nossa “era moderna”, como Hipertensão, Diabetes, doenças cardíacas, Infarto, AVC, dentre outras, além de oferecer às pessoas uma melhor qualidade de vida.
Quais exames ajudam no diagnóstico precoce?
O PSA (antígeno prostático específico) consegue, em alguns casos, talvez na maioria deles, oferecer um diagnóstico precoce, mas devemos salientar que a consulta médica com uma história bem colhida e avaliação de riscos hereditários e sociais se faz de extrema importância.
O PSA isolado não trará serventia. O ideal é que ele seja realizado anualmente para identificar alteração ou variações nos seus valores e sempre deverá ser acompanhado do toque retal, tendo em vista que em até 20% dos tumores de próstata não observamos alteração no PSA, e nestes casos, os tumores tendem a ser mais agressivos, necessitando uma abordagem adequada o quanto mais precoce.
O toque retal oferecerá uma avaliação da textura do órgão que poderá ser diferente de um ano para o outro e assim chamar a atenção do urologista para uma possível patologia.
Como é feito o tratamento desse câncer?
Isto vai depender de alguns fatores, como o estágio em que se encontra a doença, se o paciente tem alguma doença sistêmica, outra que contra indique determinado tratamento e também, e não menos importante, o desejo do paciente.
Geralmente, em um paciente hígido, sem doenças sistêmicas associadas e que compreenda bem o tratamento, a primeira opção pode ser a cirurgia.
Quando realizamos a cirurgia, ao retirarmos a próstata doente, analisaremos de forma mais adequada à extensão da doença, em que estágio ela se encontra e se tem risco precoce ou não de retornar. A partir de então, poderemos apenas observar com dosagens do PSA a intervalos regulares, ou indicar para a radioterapia concomitantemente ou não ao bloqueio hormonal.
O bloqueio hormonal é um dos tratamentos utilizados para pacientes com elevado risco de reaparecimento da doença ou para os pacientes com doença que já não se encontra mais restrita à próstata, o que chamamos de doença avançada ou metastática. O papel deste tratamento é bloquear a produção de testosterona, hormônio masculino, responsável não só pela manutenção da libido, ou seja desejo sexual, como também pela distribuição e características fisiológicas da muscular típica do homem, além de outras funções mais específicas.