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Marinha iria seguir golpe de Bolsonaro, diz Baptista Jr.

Em depoimento, chefe da FAB no fim do governo Bolsonaro diz que ele e Freire Gomes negaram minuta golpista — mas não Almir Garnie.

No depoimento que prestou à Polícia Federal no dia 17 de fevereiro, o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB) no fim da gestão de Jair Bolsonaro, afirmou que tanto ele quanto o comandante do Exército à época, o general Marco Antônio Freire Gomes, teriam sido contrários à uma tentativa de golpe de Estado por Bolsonaro após sua derrota nas eleições. O mesmo não poderia ser dito de Almir Garnier Santos, o então comandante da Marinha.

O almirante, nas palavras do comandante da FAB, teria sido o único a colocar suas tropas à disposição de Bolsonaro, caso este tentasse um golpe. Em uma reunião ocorrida no Palácio do Planalto em 14 de novembro de 2022, duas semanas após a vitória de Lula, o então presidente teria apresentado um relatório pago pelo PL para indicar suspeições nas urnas, e que Anderson Torres tentava com isso justificar um Estado de exceção no país.

Baptista Jr. afirmou no depoimento que considerava o documento um “sofisma” e que não colocaria suas tropas à disposição de tal decreto. “O então Comandante do Exército, General FREIRE GOMES, afirmou que caso tentasse tal ato teria que prender o presidente da República“, continuou.

Já Garnier parecia convicto. “Dentro do contexto apresentado pelo então Presidente JAIR BOLSONARO de possibilidade de utilização dos instrumentos jurídicos da GLO e do Estado de Defesa, o então Comandante da Marinha, Almirante ALMIR GARNIER SANTOS, afirmou que colocaria suas tropas à disposição”, disse Baptista Jr. aos investigadores.“O então Comandante da Marinha foi dissonante dos demais Comandantes”.

A disposição golpista de Garnier teria ficado visível em um segundo momento, quando o então ministro da Defesa, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, entregou uma cópia da miuta golpista aos três comandantes das tropas. Nas palavras de Baptista Jr., na reunião realizada em 14 de dezembro de 2022, novamente Exército e Aeronáutica resolveram ficar de fora da ideia.

“Nesse momento, o depoente [Baptista Jr.] questionou o ministro da seguinte forma: ‘Esse documento prevê a não assunção do cargo pelo novo presidente eleito?’. QUE PAULO SERGIO DE OLIVEIRA ficou calado”, aponta o depoimento tomado pela PF.

“O depoente disse ao ministro da Defesa que não admitia sequer receber esse documento”, continuou. “Que o General FREIRE GOMES expressou que também não concordaria com a possibilidade de analisar o conteúdo da minuta (…) que o Almirante GARNIER não expressou qualquer reação contrária ao conteúdo da minuta, enquanto o depoente estava na sala.”

As 13 páginas do depoimento de Baptista Jr. foram tornadas públicas nesta sexta-feira, 15, pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O Antagonista

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