Ex-diretor Gutson Reinaldo afirmou, em colaboração premiada com o Ministério Público do RN, que Carlos Augusto Rosado autorizou desvios de R$ 35,9 milhões.
O ex-diretor do Idema Gutson Reinaldo Bezerra disse ao Ministério Público Estadual que quem autorizou em 2011 o desvio de recursos no Idema para favorecer o deputado estadual Ricardo Motta (PSB) foi Carlos Augusto Rosado, marido da então governadora Rosalba Ciarlini. Condenado a 17 anos de prisão no âmbito da operação Candeeiro, Gutson narrou os fatos em acordo de colaboração premiada.
Gutson Reinaldo foi um dos personagens entrevistados pelo programa Fantástico, da TV Globo, na matéria veiculada neste domingo, 11, que relatou fatos investigados em operações em que o governador Robinson Faria (PSD) foi citado.
A reportagem omitiu o trecho da delação na qual Gutson relatou a participação do marido de Rosalba. Em vez disso, a matéria registrou a parte do depoimento na qual Gutson aponta que foi indicado para o órgão, antes mesmo do início dos desvios para favorecer Motta, pelo então vice-governador Robinson Faria, sugerindo participação deste no esquema.
O depoimento do ex-diretor do Idema está transcrito em denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral de Justiça contra o deputado Ricardo Motta. Ao MP Estadual, Gutson registrou que toda a negociação para as fraudes no Idema aconteceu depois que Robinson rompeu politicamente com Rosalba Ciarlini – e que o assunto foi tratado entre ele; sua mãe, Rita das Mercês; Motta e Carlos Augusto.
“Em razão disso [rompimento de Robinson com Rosalba], o Idema saiu da área de influência política de Robinson Faria e Fábio Faria, tendo sido ‘entregue’ ao então presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, deputado estadual Ricardo Motta”, reproduziu o MP.
Gutson Reinaldo delatou ainda que, após o Idema passar a ficar sob influência de Motta, o próprio deputado lhe ofereceu o cargo de diretor-geral do órgão, mas Gutson disse que não aceitou por não ter conhecimentos técnicos na área ambiental.
Ricardo Motta, então, teria sugerido ao operador permanecer no cargo de diretor administrativo e financeiro, desde que Gutson atendesse aos interesses do parlamentar. Toda a negociação teria acontecido nas presenças de Rita e Carlos Augusto.
“Nesse contexto, o colaborador [Gutson] atuou no sentido de gerar recursos de propina para Ricardo Motta”, escreveu o MP.
De acordo com o Ministério Público, o esquema desviou cerca de R$ 19 milhões do Idema. Em valores atuais, segundo o Tribunal de Contas do Estado, o desvio foi de R$ 35,9 milhões.