Em depoimento prestado na semana passada, o advogado e delator da J&F Francisco de Assis afirmou que a empresa assinou contrato com o escritório Trench Rossi Watanabe para que a banca tratasse da leniência no dia 6 de março. A assinatura aconteceu um dia antes do dono do grupo, Joesley Batista, gravar o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu – o áudio abriu caminho para as negociações de delação premiada dos executivos do grupo.
O ex-procurador Marcello Miller esteve presente no escritório da J&F no dia da assinatura do contrato sobre a leniência. Miller já tinha pedido exoneração do Ministério Público Federal, mas ainda constava como procurador. Oficialmente, ele só deixou a instituição em abril e, depois, integrou o Trench Rossi.
Assis prestou depoimento na semana passada à PGR no âmbito do procedimento de revisão do acordo de delação assinado pelos executivos do grupo.
O advogado e delator negou que o grupo tenha recebido qualquer orientação de autoridades sobre o que deveriam entregar na delação e que Miller nunca indicou que poderia influenciar o Ministério Público. Ele afirmou que Miller “nunca fez alusão a membros do MPF nem disse que poderia influenciar de nenhum modo; que tem a impressão de Marcelo Miller ser muito correto; que nunca fez pagamentos a Marcelo Miller”.
O Estado de S.Paulo