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Irã vive guerra de versões sobre repressão a manifestações contra derrubada do avião

Vídeo mostra possíveis vítimas de armas de fogo, mas governo nega ter disparado contra manifestantes

Assim como havia acontecido nos  protestos de novembro do ano passado, na época contra um aumento do preço dos combustíveis, os iranianos acordaram nesta segunda-feira com um choque de versões a respeito do nível da repressão empregada pelas forças de segurança contra as manifestações que acontecem desde sábado em Teerã e outras cidades. As manifestações, que na capital são encabeçadas por estudantes universitários, pedem a demissão dos principais dirigentes do país depois que governo admitiu que a Guarda Revolucionária derrubou, por engano, um avião ucraniano com 176 pessoas a bordo, no dia 8 de janeiro.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram possíveis vítimas de armas de fogo na dispersão das manifestações que ocorreram no domingo na Praça Azadi e na Avenida Enghelab, respectivamente no oeste e no centro de Teerã, mas o governo nega ter disparado contra os manifestantes e a polícia afirma ter recebido ordens para atuar “com moderação”.

Um dos vídeos que circularam durante a madrugada desta segunda (horário local) mostra uma calçada repleta de grandes marcas de sangue. A imagem vai seguindo em direção a um grupo que parece estar socorrendo uma pessoa caída. Como o autor foca nas manchas no chão, não é possível confirmar o local da filmagem.

Em outra sequência de imagens postadas pelo mesmo usuário, novamente aparecem imagens de sangue no chão e as mãos ensanguentadas de um homem, que fala ao fundo: “é de um homem que foi atingido”. Um outro vídeo mostra um integrante das forças de segurança correndo com um fuzil nas mãos e o autor da postagem afirma ter sido ele o autor dos disparos anteriores. Também ouve-se barulhos de disparos de armas.

As autoridades iranianas negaram ter atirado contra as pessoas e, principalmente, com o uso de munição. Vale lembrar, no entanto, que o regime também havia negado violência contra os manifestantes em novembro do ano passado e até hoje permanece desconhecido o número real de vítimas. As forças de segurança não divulgam um número preciso e afirmam que muitos dos mortos são membros das próprias forças de segurança, atacados pelos manifestantes e por “infiltrados estrangeiros”. A organização Anistia Internacional apontou que 300 pessoas morreram durante aqueles dias. Um levantamento da agência de notícias Reuters contabiliza em 1.500l o número de vítimas.

Antes dos protestos da noite de domingo, a reportagem do GLOBO circulou pela região central de Teerã e constatou um grande aparato de segurança que havia sido montado para dispersar os protestos. Carros blindados das forças especiais e milhares de policiais com cassetetes e escudos. Havia também soldados com uniformes camuflados ou todo preto portando fuzis.

O esquema de segurança do regime iraniano foi mantido na manhã desta segunda-feira, com grupos de policiais postados nas esquinas da região central e dezenas de viaturas posicionadas. Embora ainda não haja confirmação de horário e local, jovens nas redes sociais anunciam que novos protestos devem acontecer à tarde e à noite. Pela manhã, no terceiro dia consecutivo, estudantes de universitários voltaram a se reunir dentro de seus campi para protestar contra o governo.

Iranianos também reclamam desde a tarde de domingo de mau funcionamento das redes de internet. O fornecimento de internet não chegou a ser interrompido, como o governo havia feito durante os protestos de novembro passado. Mas nota-se em alguns momentos uma intermitência na velocidade, que chega a ficar poucos minutos muito lenta, sem abrir sites. Nesses períodos também se torna difícil conectar os VPNs, ferramenta usada pela população para burlar a censura na internet e assim acessar sites de notícia do exterior, assim como redes sociais que não são permitidas no país, como o Twitter.

Globo.Com

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