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Faltou combinar com os pobres.

Os 40% de Lula são um tapa na cara. Um homem na cadeia quase ganhando a eleição no primeiro turno.
Já é, por si, um dos episódios mais marcantes da história do Brasil e – por que não – da América Latina. Mas os 40% de Lula são também uma lição, que muitos dos mais ricos não querem aprender: pobre não é burro.
Os 40% não acham Lula inocente. Talvez muitos até achem sim que Lula roubou algo, como a grande imprensa martela todos os dias ao falar do tríplex sem dono. Só que eles entendem que, do lado contrário ao de Lula, estão aqueles que não gostam de pobre. E isso faz toda a diferença. Eles entenderam realmente que aquelas pessoas de camiseta da CBF que foram para as ruas contra Dilma e contra o PT não fizeram isso para melhorar as coisas na favela, na rua, nos ônibus lotados, na fila do SUS. Fizeram isso por elas mesmas. Enquanto Aécio Neves, o líder daquele movimento anti-PT está quase perdendo a eleição para deputado federal em Minas, Lula é o político mais desejado de todo o país. Pobre não é burro.
Os avanços sociais do lulismo, como a dignidade mínima de um prato de comida, energia elétrica, possibilidade de entrar na universidade, não são, necessariamente, marcas de um governo de esquerda. São apenas o básico para começar a conversa em um país que está entre os mais ricos do mundo e, simultaneamente, entre os campeões mundiais de desigualdade, com milhões de notas na mão de um e milhões de outros sem nem uma nota na mão. Os 40% de Lula não são uma guinada do país ou do eleitorado para a radicalidade ou o “bolivarianismo”.
São apenas a resposta aos manifestantes brancos da Avenida Paulista, que deram o golpe em 2016, dizendo que as faxineiras também existem, que os porteiros e serventes de pedreiro existem, que as cozinheiras e garçonetes existem, que as mães da periferia, os lavadores de carro, garis, todos existem e são a grande maioria. A meia dúzia de sempre deu um golpe, tirou Dilma à força, prendeu Lula com pressa em um processo judicial contestado hoje ao redor do mundo. Bastaria depois eleger um candidato deles. Faltou combinar com os pobres.
Texto de Artenius Daniel.

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