Brasília (AE) – Embora a transposição do Rio São Francisco não esteja totalmente concluída, o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou nesta terça-feira que a falta de água não é mais um problema para o Nordeste. A afirmação foi feita em Jati, Ceará, onde o governo organizou cerimônia para a liberação de águas do São Francisco para o Estado.
Em Pernambuco, ministro Rogério Marinho e Bolsonaro fizeram visita à Estação de Bombeamento 3 (EBI-3), composta por um conjunto de motobombas, válvulas e acessórios interligados capazes de garantir um volume contínuo de adução de água. A partir da EBI-3, a água segue o trajeto por canais e reservatórios até o Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte
Bolsonaro acionou o botão de liberação da água ao lado dos ministros Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), João Roma (Cidadania) e Gilson Machado (Turismo). Bolsonaro está em tour pelo Nordeste até a quarta-feira para inaugurar trechos da transposição em Estados governados pela esquerda: Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte. A conclusão da megaobra de infraestrutura, porém, só deve ocorrer em 2024.
Nesta terça-feira (8), o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, visitaram estruturas do Eixo Norte em Pernambuco, Ceará e Paraíba que receberam recursos do Governo Federal e possibilitaram a chegada das águas do São Francisco em terras potiguares.
Em Pernambuco, foi realizada visita à Estação de Bombeamento 3 (EBI-3). A estrutura é composta por um conjunto de motobombas, válvulas e acessórios interligados capazes de garantir um volume contínuo de adução de água. A partir da EBI-3, a água segue o trajeto por canais e reservatórios até o Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
“Esta estação elevatória, que termina com a água chegando ao Rio Grande do Norte, é uma obra vultosa. Um dia do funcionamento dela equivale a 30 dias de carro-pipa pelo Nordeste. É uma obra que, mais do que economizar recursos dos impostos de vocês, vai, efetivamente, levar aquilo que está na Bíblia: ‘Água é vida’. Algo que vocês, seres humanos, não podem abrir mão”, afirmou o presidente Bolsonaro.
No local, também houve visita ao Núcleo de Controle Operacional (NCO) da transposição, que é responsável por concentrar, processar e controlar redes de Tecnologias de Informação, estações de bombeamento, subestações, estruturas de controle e tomadas de água dos eixos Norte e Leste do Projeto São Francisco. A instalação do NCO teve início em 2014 e foi concluída em maio de 2021.
Já no Ceará, a comitiva do Governo Federal visitou a Barragem de Jati, estrutura que possui 56 metros de altura e capacidade de acumular até 28 milhões de metros cúbicos de água. O acionamento para enchimento da barragem ocorreu em junho de 2020, possibilitando que a água seguisse para outras regiões do estado, entre elas a Região Metropolitana de Fortaleza.
Quesia Janay Martins dos Santos, 32 anos, moradora da região, falou sobre o sentimento de ver a água chegando. “Água para a gente é riqueza, saúde, limpeza. Era um sonho de todo nordestino. A gente achou que não ia chegar tão cedo, mas graças a Deus chegou. Já notamos uma mudança significativa. Ainda não está liberada para agricultura, mas já tem turismo, o pessoal para, tira foto, é um atrativo legal”, comemorou.
Durante a visita, foi realizada liberação de água da estrutura até o Cinturão das Águas do Ceará (foto à esquerda). O empreendimento não recebia água do São Francisco desde maio de 2021, devido a serviços de manutenção e substituição de equipamentos para modernização da estrutura.
O ministro Rogério Marinho lembrou que o estado do Ceará é um marco histórico para o início da transposição do Velho Chico. “Este Governo está fazendo em três anos o que não foi feito em mais de 16 anos. Eu diria que o que não foi feito em mais de 170 anos, porque o sonho da transposição do São Francisco nasce aqui no Ceará, nasce na cidade de Crato”, resgatou o ministro. “Em 1947, o intendente daquela cidade faz um apelo ao parlamento da monarquia na época, buscando recursos para canalizar o rio, com essa expressão mesmo. Para permitir que o rio que passava pelo sertão do Araripe (em Pernambuco) pudesse dessedentar a sede de uma população que, historicamente, estava exposta ao flagelo da seca”, contou.
Na Paraíba, a comitiva foi a São José de Piranhas, onde ocorreu visita ao último trecho do Eixo Norte da transposição do Rio São Francisco, entre as Barragens Caiçara e Engenheiro Avidos. O trecho foi inaugurado pelo Governo Federal em outubro de 2021, após investimentos de quase R$ 50 milhões, e permitiu a passagem das águas do Velho Chico para terras potiguares. Também participaram das visitas os ministros da Cidadania, João Roma, do Turismo, Gilson Machado, e da Secretaria Geral da Presidência, general Luiz Ramos, entre outras autoridades.
Programa visa preservação das bacias hídricas
Para garantir que água em qualidade e quantidade esteja disponível para as próximas gerações, além dos investimentos nas obras hídricas, é preciso cuidar dos rios, dos mananciais, enfim, preservar as bacias hidrográficas brasileiras. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) há ações nesse sentido.
Em outubro de 2021, o Governo Federal anunciou aporte de R$ 5,8 bilhões em investimentos previstos no processo de capitalização da Eletrobras para ações de revitalização de bacias hidrográficas.
Serão R$ 3,5 bilhões para as bacias do Rio São Francisco e do Rio Parnaíba e outros R$ 2,3 bilhões para as bacias que integram a área de influência dos reservatórios das usinas hidrelétricas de Furnas – Bacias do Rio Grande e do Rio Parnaíba, abrangendo os estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal. Os recursos serão repassados ao longo de 10 anos. Além disso, o Governo Federal criou o Programa Águas Brasileiras, para impulsionar ações de recuperação de áreas degradadas em parceria com o setor privado.
No primeiro edital do programa, foram selecionados 26 projetos, que vão beneficiar 250 municípios nas bacias dos Rios São Francisco, Parnaíba, Taquari e Tocantins-Araguaia. Além disso, a meta é viabilizar o plantio de mais de 100 milhões de árvores nessas bacias, que são consideradas prioritárias. No segundo edital, que incluiu bacias de todo o País, foram 49 projetos selecionados de 23 unidades da Federação.
Várias empresas se mostraram interessadas e já há parcerias firmadas com 12 delas para a implementação de ações do Águas Brasileiras. Os contratos já firmados vão garantir cerca de R$ 80 milhões para projetos selecionados pelo Programa. Além disso, os projetos inscritos para receber o Selo Aliança pelas Águas Brasileiras vão gerar R$ 492,7 milhões a serem investidos em ações de revitalização de bacias.
Vice-prefeito de Salgueiro cobra por falta de água
O vice-prefeito de Salgueiro (PE), Edilton Carvalho (Cidadania), cobrou publicamente, nesta terça-feira (8) o presidente Jair Bolsonaro (PL) pela falta da água no município, que foi sede, nesta terça-feira, de cerimônia de inauguração do núcleo de controle operacional da Transposição do Rio São Francisco – uma megaobra em andamento justamente para levar água às regiões secas do Nordeste.
“Presidente, tenho uma queixa. Nossa cidade está fazendo 18 dias sem ter água e não se resolve o problema. Falei com o ministro, que falou que já vinha a verba para o Estado. Onde está o dinheiro que não resolve a questão de Salgueiro?”, questionou Carvalho, sem especificar a qual ministro se referia.
A resposta foi dada em seguida pelo ministro do Turismo, Gilson Machado. “Eu vi a sua reclamação, vou lhe dizer uma coisa. O que é mais difícil? Puxar a água de Cabrobó para Salgueiro ou de Salgueiro para Salgueiro, dentro da sua cidade? A nossa parte a gente fez, o seu governador não fez”, disparou Machado, arrancando aplausos da plateia de apoiadores.
O ministro do Turismo é pré-candidato ao Senado por Pernambuco, partido hoje governado por Paulo Câmara (PSB), de esquerda. A sigla deve abraçar a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Palácio do Planalto em 2022.
Bolsonaro também respondeu ao vice-prefeito de Salgueiro, mas de forma menos “incendiária” se comparado a Machado. “Prezado vice-prefeito, atendemos a governadores e prefeitos com expectativa de perda de receita. Reclame do governo federal o que tem que reclamar, mas vocês, pelo que tive conhecimento em todo o Brasil, não atrasaram a folha de pagamento porque governo federal ajudou”, disse o presidente.