POR EL PAÍS
Os netos do líder da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), Edir Macedo, um das maiores denominações evangélicas do Brasil presente em quase 200 países, foram ilegalmente adotados em Portugal nos anos 90 como parte de um esquema mantido pela IURD para levar crianças ao Brasil à revelia de suas mães. A informação é parte de uma reportagem da emissora portuguesa TVI, que ouviu a suposta mãe das crianças e a babá que cuidou deles. Segundo jornais e agências do país, o Ministério Público português abriu inquérito para investigar o caso. A Universal afirma que as adoções foram legais e diz que tomará as medidas legais cabíveis.
“Eu nunca vi esse meu filho dar um passo”, diz, aos prantos, uma mulher apresentada na reportagem como a mãe de Vera, Luis e Fábio. Segundo a série, que terá dez episódios, as crianças, que então tinham 3 anos, 2 anos e 9 meses, foram foram levadas em 1995 a um abrigo mantido pela Universal em Lisboa após a mãe ter sido denunciada por deixá-los sozinhos em casa enquanto trabalhava. Os três foram levados aos Estados Unidos e, depois, adotados por Viviane Freitas, uma das filhas de Macedo. Outros bispos e pastores teriam também obtido crianças no mesmo lar, que foi regularizado em 2004 e só encerrou as atividades em 2011. A reportagem afirma que a onda de adoções na igreja ocorreu como parte de uma política de Macedo: primeiro ele recomendou vasectomia a pastores e bispos e, depois, passou a orientar adoção
A mulher ouvida na reportagem diz que jamais deu os filhos para adoção e que esperava reavê-los assim que sua situação financeira melhorasse. Já a IURD diz que o processo de adoção foi legal. Vera e Luís, os netos adotivos de Macedo, gravaram vídeo criticando a reportagem e prometendo processar a emissora. “Contam-se pelos dedos de uma mão as crianças que foram adotadas por essa via – com decisão judicial, sublinhe-se – por casais ligados à Universal”, diz a nota da igreja. A Universal afirma ainda que a reportagem é uma tentativa de difamar a instituição porque traz o depoimento de Alfredo Paulo Filho, um ex-integrante da Igreja Universal que saiu do grupo em 2013 e que mantêm batalha legal com Macedo.
A emissora portuguesa diz que as jornalistas Alexandra Borges e Judite França trabalharam no material durante sete meses até encontrar documentos e as mães das crianças “roubadas”. A série traz também um crítico histórico da chegada da IURD à Portugal e um apanhado dos problemas com a Justiça da igreja, a terceira com mais fiéis do Brasil, fique controla a segunda maior rede de TV do país, a Record.