A outra face da moeda: uma visão diferente da narrativa defendida pelas forças políticas conservadoras de Lucrécia – RN.
Folha Regional -O município de Lucrécia-RN vivenciou nas últimas eleições municipais a realização de uma Chapa Única ou chapão. Na sua opinião, o que motivou esta composição na política local? Quais eram as expectativas dos participantes?
Henrique Brito -Lucrécia viveu por muitos anos o enfrentamento das mesmas forças políticas e com a repetição dos resultados observamos o desgaste de ambos os blocos: à medida que a oposição sofreu sucessivas derrotas, o bloco governista acabou adotando estratégias de acolhimento que não foram sustentáveis, uma prova disto foi a dívida contraída com os funcionários públicos pelo antigo gestor. Neste contexto de desgastes, essas forças resolveram ‘esquecer’ uma inimizade histórica e se abraçar para sobreviver, uma conduta que surpreendeu a todos. No tocante as expectativas, só posso falar da parte que nos cabe; quanto ao bloco partidário representado pelo mandato da Vereadora Lindalice Carlos nos (apesar de surpresos) vimos dois pontos de destaque: Primeiramente, naquele momento não estávamos preparados para assumir o protagonismo majoritário da oposição, em segundo ponto, vimos de forma otimista a possibilidade de que com aquela composição ocorresse a queda do muro que separava Governo x Oposição abrindo espaço para a construção política democrática por meio do diálogo, o que poderia fortalecer a relação entre as instituições e as lideranças e construir um futuro melhor para todos.
FR – Passados mais de três anos deste cenário que levou uma única candidata ao Poder Executivo, os resultados corresponderam ao esperado?
H.B – Não. Diferentemente do que desejava o nosso otimismo, o governo atual já iniciou adotando comportamentos isolados e autoritários, com pouca habilidade e comportamentos da velha política, uma gestão que se colocou de costas para o povo, e resultado foi um governo de poucos frutos, o mais do mesmo, com troca de cargos por apoios políticos e sem avanços significativos em nenhuma área. Além do mais, observamos o enorme distanciamento da mandatária do povo, um exemplo recente é a questão da crise de saúde com o corona vírus, em um momento onde recebemos uma enxurrada de informações e contra informações, conflitos entre o Governo Federal e os Governos Estaduais, da prefeita não ouvimos quase nada, um pronunciamento por uma ‘live’, ela de lá o povo de cá, se não fosse pela dedicação das equipes de saúde e a Secretaria de Saúde, o sentimento seria de abandono, uma ausência de liderança.
“…uma gestão que se colocou de costas para o povo, e resultado foi um governo de poucos frutos, o mais do mesmo, com troca de cargos por apoios políticos e sem avanços significativos em nenhuma área.”
FR – Na sua opinião os resultados não são tão positivos, o que deu errado nessa união política por Lucrécia?
H.B -A narrativa da união política se esbarra na compreensão de que não podemos mais tratar a política em uma perspectiva romântica. O discurso não é compatível com os fatos; a política é um campo de interesses, e é preciso deixar claro para a população qual é a pauta de cada grupo. Além disso, falhamos quando apoiamos uma proposta de candidatura mergulhada no comodismo, com a ideia de que já estaria eleita, não visitou as pessoas, não prometeu nada a ninguém, cadastrou um plano de governo de duas páginas com pouquíssimo conteúdo. Quando uma pessoa necessitada sobe ao gabinete para pedir uma ajuda, a gestora não tem sensibilidade política para compreender as dificuldades do povo. É preciso descer aquele gabinete, ser mais acessível e estar mais presente na vida da cidade. Apesar de esta composição ter dado todas as condições políticas necessárias para a governabilidade, ela desperdiçou e se acomodou, o sentimento é que governa por procuração, levando falta até mesmo na leitura anual da abertura dos trabalhos legislativos.
“…Quando uma pessoa necessitada sobe ao gabinete para pedir uma ajuda, a gestora não tem sensibilidade política para compreender as dificuldades do povo. É preciso descer aquele gabinete, ser mais acessível e estar mais presente na vida da cidade.”
FR -Ainda é possível acontecer uma repetição de candidatura única?
HB – Eu diria que é pouquíssimo provável que se repita o que aconteceu em 2016, diante do baixo desempenho da atual gestão, compreendemos ser urgente a reabertura do campo democrático, dando espaço a novas ideias, novos projetos e também para efetiva participação do povo neste processo, as pessoas precisam ter o direito de opinar e de escolher qual é a melhor proposta de cidade para a próxima gestão.
FR – Quando nasceu a sua Pré-candidatura a prefeito de Lucrécia-RN?
HB – A minha pré-candidatura nasceu no final de 2019. Ao final do 3º ano de gestão, sem bons resultados, não podíamos assistir de braços cruzados o fechamento do campo democrático e admitir que o desenvolvimento do município continue em níveis tão insatisfatórios. Lucrécia tem vários nomes de qualidade, principalmente nas fileiras da juventude; disponibilizei o meu nome, e obtive uma excelente aceitação da população. Sigo em frente também por compreender que posso representar a juventude e construir um governo com todas as pessoas, para todos, de forma democrática e promovendo justiça social. Não podemos naturalizar a desigualdade de oportunidades que o nosso município vive, não podemos naturalizar as dificuldades do povo, a política precisa ser uma via de soluções e de projetos.
Lucrécia tem vários nomes de qualidade, principalmente nas fileiras da juventude; disponibilizei o meu nome, e obtive uma excelente aceitação da população.
FR -De que forma a reabertura do campo democrático poderá ser positivo pra Lucrécia?
HB – Com a reabertura do campo democrático, onde teremos pelo menos duas candidaturas para prefeito e diversas candidaturas para vereador, o município só tem a ganhar, principalmente porque esta configuração reestabelece um pouco o equilíbrio político do município. Os candidatos vão ter que sair do comodismo, ir até o povo, ouvi-lo e apresentar propostas trazendo uma agenda positiva para o município. Além disso, nós devolveremos ao povo de Lucrécia a oportunidade de escolha: escolher o projeto político que eles – o povo – entendem que é o melhor.
FR – Na sua opinião, o que faltou ao governo atual? O que Lucrécia necessita para o futuro?
HB – De início o governo atual não possui um projeto político pra Lucrécia, a percepção que temos é da existência de um projeto de poder, onde não importa para onde vamos, a preocupação é apenas em relação a quem será o detentor de poder nesse período, com isso o governo se perde numa enorme estagnação política. Outro ponto que pesa é a ausência de liderança ou até despreparo da atual gestora, que necessita constantemente solicitar a ajuda dos ex-prefeitos para se pronunciar por ela em momentos de crise. Para o futuro Lucrécia necessita de um projeto político popular, com uma agenda clara que tenha como pautas a promoção da justiça social, a educação, a geração de renda, a segurança, a saúde pública, a transparência, a eficiência da máquina administrativa, ou seja, um projeto de cidade que dê as respostas que a sociedade necessita e nos devolva a esperança em dias melhores. Lucrécia necessita de um governante que esteja presente na vida da cidade, respeitando todas as instituições, ouvindo também os vereadores, os líderes comunitários, as lideranças, precisamos resgatar o associativismo e restabelecer o crescimento do município de forma geral.
Para o futuro Lucrécia necessita de um projeto político popular, com uma agenda clara que tenha como pautas a promoção da justiça social, a educação, a geração de renda, a segurança, a saúde pública, a transparência, a eficiência da máquina administrativa, ou seja, um projeto de cidade que dê as respostas que a sociedade necessita e nos devolva a esperança em dias melhores
FR – O que devemos esperar do cenário político para as eleições de 2020?
HB – Para o cenário político de 2020, ao que se refere as eleições, compreendo que devemos esperar um campo democrático que proponha desde o princípio o respeito entre as partes concorrentes, respeitar a divergência de pensamento político é uma atitude civilizada e necessária de um líder. A intolerância e o autoritarismo são antiquados ao século XXI, precisamos evoluir cada vez mais nesse aspecto, esquecer as rixas políticas, as baixarias, os “disse me disse” e partirmos para o debate de ideias, de projetos e propostas que objetivem o bem-estar social, a prosperidade e a paz entre as pessoas. De minha parte, pretendo seguir o caminho da civilidade, até mesmo por compreender que somos todos conterrâneos e amigos uns dos outros. Em 2020 também teremos novos nomes na disputa pelo legislativo, isso será muito enriquecedor no ponto de vista político. É tempo de coragem, juntos vamos construir o futuro que queremos e neste percurso, contando com a energia da juventude, somada a sabedoria dos mais velhos, é possível construir uma cidade para todos, com a participação de todos… Uma cidade democrática!
Do Jornal Folha Regional
Com a manutenção do calendário eleitoral de 2020, o Jornal Folha Regional inicia uma série de entrevista com os prè-candidatos ao executivo em outubro próximo, buscaremos de forma claro apresentar cada candidato, suas propostas e as perspectivas de gestão na visão de cada entrevistado sobre o futuro político de cada cidade. Também passaremos a escutar a outra parte seja situação ou oposição, tudo para que o eleitor tenha através do Jornal Folha Regional a melhor forma de escolher seu próximos gestor municipal. Tentaremos ouvir, entrevistar a atual prefeita de Lucrécia, Ceição Duarte
De fato em Lucrécia sempre existiu uma situação hierarquica e atualmente vem piorando tomando até mesmo o direito de escolha do povo. Uma administração que sempe favoreceu uma elite, sem oportunidades, sem espaço pra opiniao jovem, somente uma paixão doentia por administrações passadas que foram tão precárias quanto. O momento de refletor e realmente mudar precisa ser agora onde a democracia foi retirada dos lucreciencieses.
É uma piada mesmo se todos da lucrecia vimos que a propia família diz q nao apóia ele não tem chance nenhuma contra ceição e sorte se lindalice ainda se elege pq talvez nem isso