Vejo os seguintes motivos para o aumento da Guerra entre as Facções Criminosas (além do motivo óbvio de que elas não se propõe a paz):
1- Não há nenhuma estratégia ou tática consistente, nenhuma tentativa que seja, por parte do Governo do Estado ou do Governo Federal, de destruir as Facções Criminosas de uma vez por todas. Ora, se elas continuam existindo, lutam pelo Poder. Se lutam, a Guerra continua;
2- As Operações Policiais que podem diminuir o tráfico de drogas e o mata-mata cotidiano das Facções Criminosas são o patrulhamento ostensivo normal e a investigação policial normal. Com as Polícias em sucateamento absurdo, não adianta compensar com Operações Policiais esporádicas a falta de uma estrutura de Segurança Pública correta como deve ser;
3- A soltura em massa de presos, sob diversos pretextos, está diretamente ligada a virtual impunidade e fartura de criminosos nas ruas, com crueldade e ousadia crescentes;
4- Não adiantam 1.000 Operações Policiais, se há 10.000 solturas judiciais dos Criminosos presos nas mesmas Operações. Já que o máximo de punição que pode acontecer a um bandido é sua prisão, essa prisão também é o máximo que a Sociedade pode fazer contra a Guerra de Facções Criminosas. Se o Judiciário não tomar o partido da Sociedade nessa Guerra, continuaremos perdendo – ao mesmo tempo que a Guerra de Facções vai aumentando de intensidade, por falta de repressão eficiente do Estado;
5- São Mitologias Humanistas que contribuem para o aumento da violência nas ruas:
A) Mito da Ressocialização de membros de Facções Criminosas ( pois se eles abandonarem a organização, morrem pelas mãos dos próprios “manos”);
B) Falácia do bom comportamento ( na cadeia) de líderes de Facções Criminosas ( pois são eles comandam o aumento do crime, de dentro das próprias cadeias);
C) Filosofia de Direitos Humanos de bandidos ( pois se os seres humanos merecem tanto respeito, há milhares deles nos hospitais públicos, com mais prioridade de atendimento);
D) Dogma de que a Força Policial é “instrumento de opressão social” ( pois opressão social MESMO é a Insegurança Pública, como todo mundo sente na pele, sendo que os opressores são os marginais);
E) Entendimento de que as “Minorias” ( falo de bandidos com bandeiras sociais) são vítimas da sociedade ( pois há negros, gays, mulheres e portadores de necessidades especiais na Polícia e no Judiciário, que são apenas extratos da Sociedade de Bem) – A Sociedade é que é vítima da bandidagem, e não o contrário. Minorias envolvidas com o crime são justamente as que devem ser reprimidas, sem choro nem vela;
F) Explicação de que se entra no crime por “falta de oportunidades” ( pois a maioria dos pobres é honesta). Em geral, o crime é opção mesmo, como qualquer favelado honesto explica bem direitinho;
G) Visão do viciado em drogas como “caso de saúde”, apenas ( pois as Facções Criminosas são empresas cujo maior rendimento é o tráfico de drogas). O drogado “que só faz mal a si mesmo” é, na verdade, acionista da empresa de marketing multinível identificada pela sigla da Facção Criminosa que ele sustenta simbioticamente.
Para finalizar: enquanto o crime compensar e defensores de bandidos forem tratados com respeito, enquanto as Polícias forem sucateadas e as punições “abrandadas”, enquanto a “arte” e a política forem retratos do crime como modelo, enquanto a vida do criminoso for tida como mais “humana”, e portanto mais digna de direitos, do que as vidas das vítimas, enquanto o politicamente correto “passar a mão por cima” de tudo o que está incorreto – enquanto essa Guerra Cívil não for combatida pela Sociedade de Bem como luta pela sobrevivência – o problema só vai aumentar, como já é a tendência observável estatisticamente há anos.
Erick Guerra, O Caçador