Ás vésperas de o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar o pedido do ex-presidente Lula (PT) para não ser preso após condenação em segunda instância, o ministro Luís Roberto Barroso, que estará entre os julgadores na sessão desta quarta-feira, 4, fez um diagnóstico aterrador, porém, verdadeiro, do que é a política no Brasil: um vale de corrupção sistêmica.
Ao participar do Fórum Internacional – A Segurança Humana na América Latina, Barroso disparou: “O Brasil se deu conta de que vivenciávamos uma corrupção sistêmica, endêmica, que não era produto de falhas pessoais, era um modo de conduzir o País.”
Para o ministro, o país celebrou um pacto de saque ao Estado, firmado entre empresários, políticos e a burocracia estatal, com renovação constante dos acordos de corrupção. “O custo moral de tudo isso foi a criação da cultura de desonestidade. Precisamos romper com esse ciclo”, afirmou.
O diagnóstico da corrupção exposto por Barroso não é novidade. Tudo que ele disse é de conhecimento da sociedade, que perdeu a confiança de maneira geral, a partir da classe política até as instituições como o Judiciário, por exemplo.
O próprio Luís Roberto Barroso foi colocado à prova no feriadão da Páscoa, quando ele promoveu, com sua caneta, a soltura dos presos da Operação Skala, todos amigos do presidente Michel Temer (MDB), que haviam feito traquinagens, segundo o Ministério Público Federal (MPF), com os recursos dos Portos do País. Eles foram algemados pela Polícia Federal na quarta-feira, 28, e libertados por Barroso na Sexta-feira Santa.
Não vai daqui o julgamento da decisão de Barroso, se foi certa ou errada, no entanto, mandar essa turma para as ruas tirou mais um pedacinho da esperança dos brasileiros por justiça.
É com esse sentimento, espedaçado, que a população acompanhará o julgamento do pedido de habeas corpus do ex-presidente Lula, de olho nos 11 ministros da Suprema Corte. Condenação em segunda instância por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, Lula espera receber do STF o benefício da liberdade até o trânsito em julgado, coisa que pode demorar mais de uma década, se levar em conta o histórico de ‘tartaruga’ do próprio STF. Ou seja, Lula, que já tem a idade avançada, pode esperar numa preguiçosa a última palavra do Judiciário brasileiro.
Por consequência, outros condenados em segunda instância, hoje presos, ganharão o mesmo direito de pedir liberdade. Bandidos de todos os níveis, com ou sem colarinho branco. Será o atestado de que o crime compensa. Ou não?