As Casas de Cultura Popular foram pensadas para descentralizar e democratizar as ações do Estado na área da cultura. Com elas, o Estado deixa de concentrar suas ações na capital e nas maiores cidades e chega a um maior número de municípios. Sem dúvida nenhuma, elas são um equipamento cultural importante. Nossa esperança é vê-las dotadas de estrutura adequada para acolher os diversos eventos artísticos e culturais existentes nas diferentes regiões do estado do Rio Grande do Norte.
Criadas em 2003, na gestão do escritor François Silvestre, muitas dessas casas destaca-se pela singularidade arquitetônica. Seguindo o objetivo inicial, e que se mantém até hoje, casarões históricos, sobrados neocoloniais e antigas estações de trem foram restaurados gradativamente para abrigar a programação cultural produzida espontaneamente pela sociedade civil e aquela derivada das políticas públicas planejadas pelo Governo do Estado por meio da Fundação José Augusto.
Projeto ousado, ele antevia a existência de centros culturais em todos os municípios do estado. Isso possibilitaria a artistas, mestres populares, artesãos e a todos os produtores de bens culturais um lugar de encontro com o público. O projeto baseava-se no princípio republicano do acesso democrático à cultura, propondo transformar todas as cidades, pequenas, médias ou de grande porte, em potenciais promotoras de suas identidades artística e cultural.
De fato, as Casas de Cultura, a depender de uma política pública consistente e de uma boa interação com a comunidade, podem transformar a cena cultural de cada cidade. Apesar da grande descontinuidade das políticas nessa área, as Casas de Cultura têm conseguido manter uma dinâmica surpreendentemente presente e criativa, com exposições de pintura, sessões de cinema, shows musicais, apresentações teatrais e formação artística.
Com a participação das Prefeituras, de organizações não-governamentais, dos artistas, agentes culturais, produtores e demais atores sociais, as Casas de Cultura Popular têm sido o grande elo a integrar o poder público, a sociedade civil, a iniciativa privada e o mercado de bens culturais. Desse modo, agindo como elo integrador, elas contribuem para a preservação do patrimônio cultural, para a sustentabilidade da cadeia produtiva da cultura e para o desenvolvimento social e econômico da região. Ampliar e aprofundar esta missão é o grande desafio para as Casas de Cultura Popular e, consequentemente, para os seus gestores.