No momento em que a CPI da Covid avança em denúncias de irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin pelo governo brasileiro, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira, 30, que só tem “paz e tranquilidade” porque “temos as Forças Armadas comprometidas com a democracia”.
“Só tenho paz e tranquilidade porque sei que, além do povo, temos Forças Armadas comprometidas com a democracia e com a liberdade”, disse o presidente durante cerimônia de inauguração da Estação Radar de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul.
A declaração foi feita horas antes de um grupo que reúne partidos políticos e movimentos sociais apresentar um pedido unificado de impeachment de Bolsonaro, reunindo acusações de ao menos 22 crimes supostamente cometidos pelo presidente. Chamado de “superpedido” pelos signatários, o documento foi elaborado a partir de mais de 120 pedidos de impeachment que já foram protocolados na Câmara.
Ao discursar em Ponta Porã, Bolsonaro chamou senadores da CPI da Covid de “bandidos”. “Não conseguem nos atingir; não vai ser com mentiras ou com CPI integrada por sete bandidos que vão nos tirar daqui”, disse à plateia. Em seguida, reafirmou o alinhamento político entre o governo e o Congresso. “Nossos amigos do Legislativo têm nos dado grande apoio em todas as propostas que temos apresentado”, disse.
O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM) rebateu as declarações de Bolsonaro durante a sessão desta quarta-feira, que colhe o depoimento do empresário Carlos Wizard, apontado como integrante de do gabinete paralelo de aconselhamento informal do presidente. “Estou aqui para mandar uma mensagem: presidente, pare de olhar no espelho e falar com ele”, disse Aziz. “Ele não explicou ainda para quem ele mandou investigar o caso Covaxin, mas, de uma forma repetitiva, ataca membros dessa CPI, chamando de bandidos e outros adjetivos”, afirmou o senador.