A segunda fase da Operação Rosa dos Ventos aponta que o auditor-fiscal da Receita Luiz Fernando Celani, preso temporariamente nesta quarta-feira, 15, é suspeito de receber, entre outras vantagens, até uma viagem à Disney para sua família e um carregamento de piso de porcelanato do esquema suspeito de sonegar R$ 5 bilhões de distribuidoras de combustíveis. O delegado federal Victor Hugo Rodrigues Alves Ferreira afirmou que o servidor foi ‘cooptado’ pelo esquema, com o qual manteve ligação ‘durante anos’.
“Foi cooptado no interesse da organização criminosa e, durante anos, ele manteve essa ligação com os investigados. As investigações comprovaram que pelo menos uma viagem foi paga para ele e ele recebeu um carregamento de piso de porcelanato para uma reforma que eles estavam fazendo”, declarou Victor Hugo.
“Agora nós vamos contar com a parceria da Corregedoria da Receita Federal para apurar todos os procedimentos fiscais que ele atuou e que possam ter relação com essas empresas. O que já está demonstrado é que ele prestava uma espécie de consultoria para a organização criminosa no interesse dos investigados. Quando eles precisavam, tinha interesse no âmbito da Receita Federal, eles ou os advogados ligados à organização, entravam em contato com esse servidor e passavam informações.”
O delegado da PF afirmou que os valores sonegados foram, ao longo dos anos, ‘imobilizados.
“Esse dinheiro foi alocado em aplicações financeiras, parte foi encaminhado para outros países, parte foi usada para comprar imóveis, comprar aeronaves. Grande parte desse dinheiro a gente conseguiu bloquear (na primeira fase da Rosa dos Ventos)”, relatou.
A Rosa dos Ventos foi às ruas cumprir seis mandados de busca e apreensão e cinco de prisão nas cidades de Campinas e São Paulo. Todos os mandados foram expedidos pela Justiça Federal de Campinas. Quatro foram cumpridos.
A nova etapa da operação teve início com a análise do material apreendido na primeira fase, quando policiais federais encontraram indícios de que os investigados teriam um esquema envolvendo corrupção de um agente público, evasão de divisas e lavagem de dinheiro, que incialmente não haviam sido detectados.
“Da análise do material apreendido, nós encontramos indícios de outros crimes, dentre os quais a cooptação de um servidor público federal no interesse da organização criminosa. Encontramos novas empresas abertas em nome de laranjas e novas offshores abertas em paraísos fiscais. Essa fase da operação foca principalmente nessas offshores e na corrupção de servidores públicos”, disse o delegado.
Victor Hugo revelou que ‘há pelo menos três grandes líderes’ no esquema, agindo de maneira independente. Segundo o delegado, todos foram identificados.
“No modelo de organização criminosa que a gente verifica hoje em dia dificilmente tem uma estrutura piramidal. Existiam vários líderes, mas cada um responsável pelo seu núcleo. Eles mantinham contato entre si de acordo com seus interesses”, disse.