Polícias Civil e Militar do estado potiguar encontraram documentos e objetos no local do pouso da aeronave, no interior.
Os responsáveis pela morte de Rogerio Geremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, Paca, estiveram no Rio Grande do Norte para reabastecer o helicóptero usado no crime e eliminar provas. De acordo com a Polícia Civil, eles estiveram na cidade de Santo Antônio, a 75 quilômetros de Natal, no mesmo dia em que os dois foram encontrados mortos, em 16 de fevereiro passado.
Gegê e Paca foram torturados e assassinados em uma reserva indígena no estado do Ceará. Os dois eram apontados pelo Ministério Público como membros do Primeiro Comando da Capital (PCC). Gegê do Mangue seria o segundo na escala hierárquica da facção criminosa.
O delegado Lenivaldo Pimentel, que comanda a Delegacia de Polícia Civil do Interior (DPCIN), disse que o helicóptero foi avistado por uma pessoa que estava próxima ao local, na zona rural do município de Santo Antônio, no momento do pouso.
No dia seguinte, a Polícia Militar foi acionada e enviou uma equipe até a área onde a aeronave foi vista. Os policiais encontraram fotos queimadas, um RG rasgado, além de relógios e cartões de crédito. O documento de identidade tinha a foto de Gegê do Mangue com o nome falso que ele usava no Ceará, para não ser descoberto.
“Diante das evidências, ficou conjecturado que a aeronave saiu do estado do Ceará, pousou aqui cerca de 20 ou 30 minutos, na cidade de Santo Antônio, e em seguida decolou, seguindo viagem”, acrescenta o delegado.
Ainda segundo Lenivaldo Pimentel, os criminosos atearam fogo nos documentos e objetos e, antes de fugir, reabasteceram a aeronave. A Polícia Civil do Ceará foi comunicada do fato e vai receber as provas coletadas no Rio Grande do Norte.
Assassinados no Ceará
Gegê do Mangue e Paca foram encontrados mortos no dia 16 de fevereiro em uma reserva indígena no município de Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza, Ceará, com marcas de tiros e de facadas no rosto. Rogerio Geremias de Simone, o Gegê do Mangue, é o segundo homem da facção criminosa.
Os olhos estavam perfurados por facas, o que entre os criminosos significa uma maneira de punir quem pega o que não é dele. Um helicóptero foi usado para levar os dois até o local onde seriam mortos.
Investigações apontam que os dois estavam instalados na Bolívia, controlando para o PCC a entrada e a saída de drogas no Brasil.
Traição
Um bilhete achado na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, reforça a suspeita investigada pelo Ministério Público de que eles foram mortos pelo próprio Primeiro Comando da Capital, porque supostamente desviaram dinheiro da facção criminosa.
Tráfico de drogas, de armas e assaltos são algumas das modalidades criminosas de onde o PCC tira seus recursos financeiros, que podem ter sido furtados por Gegê e Paca, segundo apura o MP.
Além disso, Gegê do Mangue teria determinado a morte de um ex-integrante da facção próximo a Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe do PCC. O duplo assassinato pode também ter sido uma vingança a essa ordem. Marcola está preso Penitenciária Presidente Venceslau.
Na quinta-feira passada, dia 23, Wagner Ferreira da Silva, membro da facção criminosa conhecido como Cabelo Duro, foi morto a tiros de fuzil em São Paulo. A Justiça do Ceará já havia decretado a prisão dele antes do homicídio. A suspeita é que Cabelo Duro tenha participação no assassinato de Gegê do Mangue e Paca.
A TV Verdes Mares apurou que outras 10 pessoas tiveram prisão decretada pela Justiça do Ceará por envolvimento no duplo homicídio.