Nos últimos dias o noticiário político, que mais parece uma crônica policial, tem sido recheado de informações sobre as chicanas para salvar a pele do presidente golpista Michel Temer (PMDB-SP) e do senador tucano Aécio Neves (PSDB-MG), dois enrolados na lava jato: um quer se ver livre do impeachment e até da sua cassação, pois que o TSE está pra julgar a cassação da chapa Dilma-Temer, e o outro se ver livre do chilindró.
No caso de Temer, alguns fatos chamaram a atenção nos últimos dias. Primeiro a exoneração do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), do cargo de ministro da Justiça. Na carta de despedida, Serraglio saiu atirando dizendo que o presidente, Michel Temer, sofreu pressões de “trôpegos estrategistas”. Ele foi substituído por Torquato Jardim, que até então ocupava o Ministério da Transparência e que é um crítico ferrenho da lava jato. Concebida para reforçar a defesa do presidente Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a escolha de Torquato Jardim como ministro da Justiça provocou desconforto na Corte.
A repercussão levou o presidente, ministro Gilmar Mendes, a negar um arranjo político para salvar o governo. A menos de uma semana do julgamento que pode cassar a chapa Dilma-Temer, ele reclamou dos comentários sobre eventual pedido de vista benéfico ao Planalto e afirmou que o tribunal “não é joguete de ninguém” nem “instrumento para solução de crise política”.
Agora surge a informação de que pra salvar a pele de Temer no TSE auxiliares e advogados do presidente trabalham para convencer ministros da Corte a não analisar as provas da ação que pede a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer.
Em outras palavras, defendem que o julgamento não entre no mérito, e, sim, seja resolvido nas preliminares, argumentando que o escopo da investigação da ação foi ampliado com casos da Lava Jato, especificamente, com a inclusão da delação da Odebrecht no processo. Ora,ora, ora: por qual outro motivo, senão a conexão com a Odebrecht, os marqueteiros foram ouvidos?
Sobre o tucano Aécio Neves, a chicana para livrá-lo da cadeia passa também pelo Senado. A Casa aprovou nesta quarta-feira (31) por 69 votos a zero, em segundo turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com o foro privilegiado nos casos em que as autoridades cometerem crimes comuns, entre os quais roubo, lavagem de dinheiro e corrupção. O texto segue para análise na Câmara dos Deputados. Claro, isso para dar uma satisfação à sociedade.
No entanto, caro leitor, para o texto ser aprovado houve um acordo entre os senadores para retirar da PEC o trecho que previa a prisão de parlamentares após condenação em segunda instância – desde novembro, quando o Supremo decidiu sobre o caso, um réu pode ir para a prisão após condenação na segunda instância da Justiça, antes mesmo do esgotamento de todos os recursos.
Com a decisão do Senado, um parlamentar no exercício do mandato só poderá ser preso, conforme estabelece a Constituição, se flagrado praticando algum crime inafiançável. Mesmo nessa hipótese, cabe à Câmara ou ao Senado decidir sobre a manutenção ou não da prisão.
Isso é ou não é para beneficiar o senador Aécio Neves, que está enrascado na lava jato e que a qualquer momento pode(ia) ser preso? Pura chicana política.
A conferir!