Apesar de vivenciarmos a Semana Santa, sentimos com preocupação o Brasil atravessar uma fase conturbada. De um lado, a doença maldita ceifando vidas, debilitando pessoas, dizimando a econômia do país, do outro, trabalhadores informais que, obrigatoriamente parados, não têm onde buscar o sustento, adquirido na pratica do “assar e comer”, e, no meio disto tudo, os donos da palavra, aqueles que tem voz: os políticos.
Aprendi, faz muito tempo, que o ser humano, ao defender pontos de vista, fundamenta suas teses em dois pilares: o certo e o errado. Mas, quando este mesmo cidadão envereda pelos meandros turbulentos da política, infelizmente quase todos esquecem princípios basilares de seus princípios, passando a sustentar, única e exclusivamente os interesses pessoais. A grande massa então, que nesta situação especifica, engloba toda a pirâmide social, fica a ver navios, sem saber em quem acreditar.
Lembrei de uma história interessante, envolvendo membro de minha família que chegara de férias, às praias de Coruripe, sede da comarca que tinha meu pai, Rostand, como Juiz de Direito. Imediatamente os vizinhos, querendo conhecer a visita, agendavam recepções em suas residências, para lhe das as boas-vindas.
A primeira anfitriã ofereceu biscoitos e café, passado na hora, mas bem ralo e doce, seguindo seu próprio paladar. Minha tia, querendo agradar, o tomou até o fim, embora sentindo engulhos, e mesmo assim, ao término externou: “gostoso o cafezinho”.
A notícia se espalhou. Depois daquele dia, Titia sempre era recebida com um comentário: Vou fazer um café do jeito que você gosta, bem fraquinho… frase que a fazia revirar os olhos, antecipando a ânsia de vômito, contudo não desmentia seu “novo gosto”, preocupada ser agradável. Assim, ficou condenada a tomar “chafé” durante o resto de sua estadia na cidade, enquanto, em nossa casa, pedia que lhe fosse preparado o mais fortíssimo dos cafés, quase da densidade do petróleo, com pouco açúcar.
Retornando aos noticiários diários, oferecidos por organismos da imprensa, quase sempre comprometidos com seus próprios interesses, facilmente se vislumbra ser, a maior doença do Brasil, a falta de sinceridade de muitos dos seus filhos. Pessoas tentam falar com pureza, embora precisem ser falsos, porque, sendo fictícios, muitos acontecimentos que alimentam o cotidiano, como em um jogo, o vencedor será aquele que melhor blefar, e, através de uma política medíocre e cheia de conspirações por todos os lados, não hesitam em desmerecer a seríssima crise de saúde pública, ora nos afetando a todos.
Nem tudo, porém está perdido, porque existe a esperança de que as pessoas de bem, ao insistirem na prática da sinceridade, venham a usufruir como retorno, da extinção de reações débeis, fantasiosas e interesseiras que hoje, tenho certeza mais infectam o Brasil que o próprio Covid19.
Se, tempos atrás, minha Tia pagou caro por negligenciar princípios da sinceridade, na expectativa de agradar, hoje devemos estar atentos, aos que momentaneamente ditam as regras, evitando eles virem a desfrutar de uma possível demonstração de desinteresse de nossa parte, para cada vez mais se locupletarem. Não podemos jamais esquecer: Assim como a Semana Santa, tempos de crise, são momentos potenciais de Fé.