Já há algum tempo, a educação vem se reinventado para envolver cada vez mais alunos e professores em novos métodos de ensino. O desenvolvimento de soluções relacionadas a esse mercado levou as instituições a entender melhor o que é edtech (tecnologia educacional) e como aplicá-la para melhorar o desempenho dos estudantes. Contudo, o uso da tecnologia nas salas de aula ainda é um desafio, uma revolução que precisa de mais subsídios para acontecer.
Esse obstáculo ganhou contornos superlativos recentemente, quando a pandemia acarretou a recomendação de quarentena e isolamento social, provocando a suspensão das aulas em todas as modalidades de ensino. A alternativa encontrada, então, foi a ampla adoção da educação a distância. Com isso, a mudança, que vinha sendo construída gradualmente, atingiu um ponto crítico durante o surto de coronavírus.
A pesquisa TIC Educação 2019 aponta que apenas 14% das escolas públicas e 64% das particulares em áreas urbanas contavam com ambiente ou plataforma de aprendizado a distância. Já entre as atividades escolares, 93% do total de alunos com acesso à internet afirmaram utilizar a rede para pesquisas escolares. No entanto, apenas 24% dos estudantes do segundo ano do ensino médio a utilizaram para fazer provas e simulados; e 16%, para participar de cursos a distância.
Esses dados evidenciam que, apesar de haver muito interesse em inovar no ensino, as atividades mediadas por tecnologias estavam mais centradas na transmissão de conteúdo do que na possibilidade de participação e interação. Agora, com o distanciamento social, a tecnologia se tornou a principal estratégia para que os alunos não percam o vínculo com a educação. Por isso, é necessário mais engajamento e investimento das esferas pública e privada.
Outro ponto é que, no passado, a solução de problemas era o denominador comum de todo aprendizado. Passamos o primeiro terço de nossa vida nos educando, para adquirir habilidades necessárias para nos tornar solucionadores de problemas no trabalho, onde atuaremos aplicando esse conhecimento durante os próximos dois terços de nossa vida.
Com a digitalização, o trabalho foi remodelado: de tarefas executadas apenas por seres humanos, evoluímos para projetos conduzidos por homens e executados por máquinas movidas a software, que se tornaram nossos parceiros na solução de problemas. Assim, a educação deve se transformar para corresponder a essa nova realidade.
Isso significa que a transformação vai além da adoção da EAD. Revolucionar o espaço do ensino é uma necessidade, mas também é preciso desenvolver metodologias que nos tornem capazes de navegar em situações desconhecidas e adquirir novas habilidades para novos trabalhos. O aprendizado na hora certa e em curtos períodos mostra-se muito mais valioso. Por isso, a mudança na educação será guiada para o ensino contínuo, baseado em habilidades e facilitado pela tecnologia.
Nesse processo de transformação, educadores, governos e empresas devem se unir para expandir a educação e adaptá-la para criar uma sociedade preparada para o futuro, pois a realidade pós-pandemia trará mudanças. No trabalho, já estamos descobrindo o mérito de criar pacotes menores de esforço, conduzidos por rajadas de maior intensidade para desenvolver uma tarefa. O aprendizado deve seguir o mesmo exemplo.
Nesse contexto, as grandes empresas de tecnologia se dedicarão a atender a muitas dessas necessidades. Na nova normalidade, o valor da educação se dará com base na integração da tecnologia nos processos de ensino. Graus híbridos entre on-line e off-line devem guiar o método de microaprendizado, que disponibiliza tempo para que estudemos no local de trabalho ou em casa, em todo lugar e a qualquer momento.
Contudo, para que a educação seja reinventada, devemos passar das construções atuais, da transferência passiva de conhecimento e desenvolver um senso de organização em cada criança, a fim de que ela molde seu próprio aprendizado, impulsionada por seus objetivos. Esse é o momento de repensar a educação e encontrar uma maneira de escalar transformações que mudem o ensino de maneira permanente e eficaz.
*Claudio Elsas é Country Manager da Infosys Brasil