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Assembleia reúne acervo em exposição e enaltece legado de Café Filho

A memória do ex-presidente Café Filho está mais viva no Rio Grande do Norte. É o que acreditam os familiares do político potiguar, falecido em 1970 e que, até hoje, foi o único potiguar a exercer mandato como presidente da República. Na tarde desta segunda-feira (14), a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte inaugurou uma mostra em homenagem ao ex-presidente, reunindo um parte de largo acervo com mais de 350 peças que foram doadas ao Parlamento potiguar.

Em solenidade na Casa Legislativa, a neta mais velha de Café Filho, Ana Paula Torres Café, enalteceu a iniciativa da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Segundo ela, o país ressalta pouco a memória de Café Filho. Segundo ela, o Museu da República, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, dá destaque somente à história de Getúlio Vargas, que foi sucedido por Café Filho no comando da nação após o seu suicídio.

“Estou muito emocionada por estarem resgatando a memória de meu avô. Sabemos do trabalho dele em Natal e no Brasil. Poder ter esse movimento dos políticos do Rio Grande do Norte, de resgatar a história de uma pessoa que fez tanto, é muito importante para nós e para o país”, disse Ana Paula Torres Café. “Para mim, enquanto neta, o mais importante é a forma ética e correta com que ele chegou à presidência da República e seu legado”, completou. 

O deputado Ubaldo Fernandes (PSDB), que participou da solenidade, falou sobre sua ligação com a história de Café Filho e o quanto o único presidente da República potiguar foi inspirador em sua trajetória política. “É um dia histórico para todos nós. Tenho Café Filho como meu ídolo, vindo do meu bairro das Rocas, bairro pelo qual ele lutou, devemos muito a ele e devemos relembrá-lo. Veio do movimento sindical, da defesa dos pescadores, dos estivadores e orgulhou muito todos nós. Suas obras, inclusive, seguem por aí e mantêm viva sua memória”, disse Ubaldo Fernandes, citando como exemplo o Hospital dos Pescadores. 

Também na solenidade, o diretor-geral da Assembleia, Augusto Carlos Viveiros, fez um relato pessoal falando sobre a sua trajetória de vida e fez questão de convidar os familiares de Café Filho para retornarem ao Rio Grande do Norte quando a nova sede do Memorial estiver pronta. Para Viveiros, o ex-presidente é uma das principais personalidades da história potiguar e deve ser sempre relembrado.

“Instalamos aqui na Casa, por iniciativa do presidente Ezequiel Ferreira (PSDB), o Núcleo Café Filho, que é o início da recuperação de uma imagem, de um louvor que devemos fazer aos grandes vultos do Rio Grande do Norte, e Café é o primeiro”, disse Viveiros.

A exposição “Do Sindicato ao Catete: 70 anos de Café Filho na presidência da República” ficará aberta, no Salão Nobre Iberê Ferreira, até o dia 25 deste mês. A entrada é gratuita.

História

Durante a solenidade de abertura, um documentário produzido pela TV Assembleia foi veiculado, expondo a trajetória do natalense João Fernandes Campos Café Filho, que teve uma vitoriosa e destacada carreira política no país. Atuando na defesa da classe trabalhadora, o potiguar, que também foi goleiro do Alecrim Futebol Clube, foi deputado federal por dois mandatos. No primeiro, contudo, precisou ficar exilado na Argentina entre o fim de 1937 e maio de 1938 devido a ameaças de prisão que sofria devido às denúncias de um possível golpe. Posteriormente, em 1945, foi eleito para seu segundo mandato e participou da elaboração da constituição em 1946.

Sua atuação destacada o levou ao posto de candidato a vice-presidente na composição com Getúlio Vargas, de que já havia sido adversário político. Na eleição, onde os votos de presidente e vice eram desvinculados, Café Filho foi eleito com mais de 200 mil votos de vantagem sobre os adversários.

No exercício do mandato, ele teve grandes conquistas e, no fim do mandato, precisou se afastar para tratar problema de saúde. Mesmo após o tratamento, não retornou ao Poder e há relatos de que um tanque de guerra ficou em frente ao seu apartamento, em Copacabana, para evitar que ele saísse do imóvel, onde permaneceu por mais de 70 dias.

Após deixar o cargo, Café Filho permaneceu no Rio de Janeiro, onde foi nomeado em 1961 para o Tribunal de Contas da Guanabara, até sua aposentadoria. Ele faleceu em fevereiro de 1970. 

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