Confira o que pode ocorrer no próximo período, com a suspensão das exportações de carne bovina para a China.
As exportações de carne bovina para a China representam uma receita média mensal de US$ 676 milhões, com 520 mil animais abatidos e enviados a esse mercado asiático. Esse é o impacto na cadeia da pecuária a cada mês, caso a China demore para retomar as compras de carne do Brasil. Esses são os valores atuais, de acordo com a consultoria Agrifatto, de São Paulo (SP).
No ano passado, a China foi responsável por 62% das exportações de carne bovina in natura brasileira e respondeu por cerca de 20% do consumo dessa proteína, chegando a picos de 25% durante o último quadrimestre do ano.
Desde domingo (19), o mercado do boi gordo está em alerta máximo, com a informação de um caso de EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina ), popularmente conhecida como “doença da vaca louca”. A confirmação do Mapa ( Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) se deu para um caso atípico de EEB registrado no dia 22/02/23 no estado do Pará em um animal macho de 9 anos, não alimentado com ração. Segundo a Adepará (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará) o animal se encontrava em uma propriedade localizada no sudeste do Estado, próxima a Marabá, com um rebanho de 160 cabeças que foi completamente inspecionada e interditada preventivamente.
Desde 2015, o Brasil tem um acordo com a China de auto embargo em questões sanitárias. Ou seja, o próprio país cessa os embarques, mesmo sem confirmação de que a doença possa levar algum risco de saúde às pessoas. Os casos atípicos de EEB configuram que um animal não contraiu a doença de outro. Em geral, a doença na forma atípica está associada à idade avançada do animal.
“Nosso acordo comercial com a China exige que, mesmo sob toda a chance de não ser um caso clássico, suspendamos as exportações até a comunicação entre os países dirimir quaisquer dúvidas que possam haver sobre a segurança da carne brasileira (que nunca, jamais apresentou um caso clássico da doença)”, diz a economista Lygia Pimentel, CEO da Agrifatto e colunista da Forbes.
Confira o que diz a Agrifatto:
Qual o impacto mensal da saída chinesa para a pecuária brasileira?
Na média são 520 mil animais por mês destinados para a China e um faturamento médio de US$ 676 milhões, ou seja, a cada mês que passa sem a retomada nas certificações, a pecuária brasileira poderá ser impactada em mais de meio bilhão de dólares.
Quanto tempo pode demorar para solucionar o caso sanitário?
Levando em consideração o retrospecto, a resolução sanitária junto a OIE deve acontecer no máximo até o fim da próxima semana.
Quanto tempo a China pode demorar para autorizar a retomada das certificações?
É difícil cravar pois depende dos chineses. Em 2019 foram 10 dias de suspensão, em 2021 foram 103 dias.
Mais suspensões virão?
Provavelmente sim, considerando o que aconteceu em 2021, países como Filipinas, Arábia Saudita e Rússia chegaram a anunciar suspensões à importação de carne bovina brasileira.
Os preços cairão?
Sim, já que o montante que era destinado a China deve ser redirecionado em parte ao mercado interno e com isso o balanço de oferta e demanda ficará desregulado por um período. Mas isso não significa um derretimento de preços até os R$ 200/@ em São Paulo, já que o mercado interno demonstra certa robustez para sustentar o padrão de oferta atual em patamares próximos a R$ 250/ R$ 260 por arroba.
informações: Forbes