Anderson Torres foi preso. Se cantar, teremos um hecatombe.
Anderson Torres foi preso ao desembarcar em Brasília. O secretário de segurança do DF estava no EUA quando a horda de fanáticos destruiu Brasília. Ontem à noite ele foi escoltado por autoridades americanas até a porta do avião. O que fazia lá? Era sabido que Brasília viraria um barril de pólvora no final de semana passado.
A polícia sob seu comando não foi apenas leniente – parte dela deu guarida e passagem aos criminosos que invadiram os prédios públicos e depredaram suas dependências à espera de um golpe militar comandado por Bolsonaro.
Anderson Torres foi ministro da Justiça de Bolsonaro. Durante uma varredura em sua casa, a Polícia Federal apreendeu a minuta de um documento que seria usado por Bolsonaro para decretar Estado de Defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral. A data estava em aberto. O nome que assinaria o documento é do próprio Jair Bolsonaro.
Veja o decreto (Aqui)
O documento é detalhado: previa a intervenção no prédio do TSE e a quebra de sigilo de Alexandre de Moraes e de funcionários. O plano golpista previa também “prisão por crime contra o Estado”. O objetivo era virar a mesa e anular a vitória de Lula. Sim: um golpe de Estado documentado. Estamos diante de uma prova material de que Bolsonaro pretendia destruir a democracia brasileira e jogar o país no abismo. A pedido da PGR, o STF inclui Bolsonaro no inquérito sobre atos de terrorismo.
Agora resta saber quanto de sua vida Anderson Torres está disposto a arriscar por Bolsonaro e pelos demais civis e militares que pretendiam dar esse golpe.
Torres não é Bebianno. Lembram dele? Gustavo Bebianno foi peça-chave na eleição de Bolsonaro e tinha fidelidade canina a ele. Mesmo depois de ter sido chutado do Governo, jamais disse algo que pudesse incriminar seriamente o ex-chefe. Morreu em 2020 sob a névoa de um possível celular seu que conteria informações bombásticas sobre Bolsonaro. Por ora, o aparelho é apenas uma lenda urbana
Torres pode ser enquadrado ao menos em dois artigos do código penal: o 359-L e o 359-M. São artigos que prevêem pena a quem tenta destituir governo eleito e abolir o Estado de Direito. A elas se somam outras penas por crimes advindos da tentativa de golpe de Estado. Houve depredação e espancamentos em Brasília, no mínimo. Torres pode passar anos na cadeia. O que tem a perder se abrir a boca?
Ainda é cedo pra saber. Fato é que, se optar por confissão ou delação, teremos o maior escândalo da política brasileira desde o fim da ditadura civil-militar. A quantidade de pessoas envolvidas em uma operação desse tamanho não está, ainda, visível. Um golpe de Estado foi gestado no coração da República – isso não se faz apenas a quatro mãos. Militares? Políticos? Empresários? Quem está por trás dessa conspiração? Cabe a Torres colocar os nomes na mesa.