Quem achava que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não teria palanque no Rio Grande do Norte, foi surpreendido no fim de semana. A convenção do partido do presidente no estado, realizado no domingo, mostrou a cara do bolsonarismo potiguar com nome e sobrenome.
O ex-ministro Rogério Marinho, bolsonarista de primeira hora, recebeu no palanque o ex-vice-governador Fábio Dantas, que levou o Solidariedade para apoiar Bolsonaro no estado, ignorando que no plano nacional o partido apoia o ex-presidente Lula (PT), concorrente do atual presidente ao Palácio do Planalto.
Fábio Dantas, pela primeira vez, discursou como um bolsonarista. Ele vinha se esquivando e até se escondendo de Bolsonaro, tendo, inclusive, evitado as duas últimas agendas de Bolsonaro no Rio Grande do Norte. Mudou de postura. De pronto, recebeu o apoio do deputado federal General Girão, símbolo maior do bolsonarismo raiz.
A posição de Fábio Dantas carrega junto o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (Solidariedade), cuja gestão tem sido beneficiada pelo Governo Federal, mas ele não admitia, de público, a parceria com o bolsonarismo. Agora não tem como esconder, até porque os seus candidatos são do palanque PL/Solidariedade, comandado por Rogério Marinho.
As eleições estaduais ganharam ritmo no fim de semana de convenções. Um dia antes do encontro do PL, o Solidariedade formalizou a chapa Fábio Dantas governador com Ivan Júnior, do União Brasil, para vice-governador. Portanto, essa parcela da oposição vai às ruas com a chapa: Fábio/Ivan/Rogério.
Já o PSB oficializou a candidatura do deputado federal Rafael Motta ao Senado Federal, em via alternativa dentro do universo governista estadual. Ele reafirmou o apoio à reeleição de Fátima Bezerra (PT), embora a governadora tenha firmado aliança com o PDT para apoiar a candidatura ao senado de Carlos Eduardo.
Rafael aposta no voto da esquerda que não aprovou a aliança com o ex-prefeito de Natal. Há resistência profunda. Em 2018, Carlos Eduardo apoiou o presidente Jair Bolsonaro e enfrentou Fátima nas urnas, como candidato a governador. Rafael entende que a postura de Carlos Eduardo foi imperdoável sob o ponto de vista da esquerda potiguar.
Para explorar o voto contra quem tem histórico ou ligação com Bolsonaro, a campanha de Rafael Motta definiu o discurso: “eles não”, em referência a Carlos Eduardo e Rogério Marinho.
A governadora Fátima, que teve a candidatura à reeleição oficializada no dia 23 de julho, aproveitou o fim de semana para caminhar pelo interior do Rio Grande do Norte. Esteve em Assú, Umarizal, Martins e prestigiou a concorrida procissão de Sant’Ana, que encerrou a festa da padroeira de Caicó.
Só falta agora o Podemos oficializar a candidatura do senador Styvenson Valentim ao Governo do Estado. Ele continua fazendo charme, ou jogando para a plateia, mas a sua postulação está definida e será formalizada na convenção do partido, marcada para sexta-feira, 5.
Então, sejam bem-vindos à campanha eleitoral 2022
Coluna César Santos