Já dizia o poeta, na canção eternizada pela cantora Marisa Monte: “Gentileza gera gentileza”. A frase singela e de fácil compreensão tem raízes profundas na nossa evolução e é explicada pela neurociência. No Dia da Gentileza – 13 de novembro, o Método SUPERA – Ginástica para o cérebro explica o que acontece no seu cérebro quando você adota atitudes gentis – e porque é tão importante trabalhar este sentimento, confira:
Entendendo a gentileza
Em um mundo cada vez mais rápido e competitivo, pequenos gestos de carinho expressados de forma gratuita tem um peso cada vez maior em nossas vidas e liberam substâncias que beneficiam não apenas quem a prática, mas também quem é agraciado com o gesto, o que o torna não apenas nobre, mas duplamente benéfico e contagiante.
“O altruísmo e o comportamento gentil são traços visíveis em toda cadeia animal, porém, restrito aos laços familiares ou dependente de reciprocidade. Somente os seres humanos são capazes de estender seu altruísmo para muito além dos laços familiares e da reciprocidade”, detalhou Livia Ciacci, neurocientista do Método SUPERA – Ginastica para o cérebro.
Do ponto de vista de evolução, a gentileza nem sempre foi um sentimento nobre e, em um primeiro momento, esteve diretamente ligada ao senso de sobrevivência.
“Quando pensamos em nossa evolução, o sucesso dos hominídeos coletores e caçadores dependeu muito do trabalho em equipe. A cooperação entre os indivíduos diminuiu a violência e garantiu uma melhor distribuição dos alimentos. A partir daí o cérebro foi moldado para o processamento social e desde então os relacionamentos construídos em afeto e carinho exercem muitos efeitos psicológicos e fisiológicos positivos, modulando a circuitaria cerebral e a expressão de genes”, detalhou a cientista.
Um “quarteto fantástico”!
Quando pensamos no nosso cérebro, o que faz a gentileza ser um sentimento tão nobre e único são justamente as substâncias geradas pela materialização do ser gentil, um verdadeiro “quarteto fantástico” que proporciona bem-estar e prazer através de:
- Endorfina – Considerada o anestésico natural do corpo;
- Ocitocina – Cria laços de confiança;
- Dopamina – Nos motiva a partir para ação e seguir nossos objetivos;
- Serotonina – Diminui a depressão e ansiedade.
“Se uma pessoa chega a uma cidade nova e começa a fazer amigos, aqueles que mais demonstrarem afeto e cuidado vão causar a liberação dessas substâncias no seu sistema nervoso e criar confiança e bem-estar – o mesmo acontece no cérebro dessa pessoa que se dispôs a ajudar”, detalhou Livia Ciacci, Mestre em Sistemas Neuronais do SUPERA – Ginástica para o cérebro.
É recompensador recompensar!
Entender como ocorrem os próprios processos socioemocionais por meio de um trabalho de autoconhecimento e esforço, muda e melhora a capacidade de lidar com os mais diversos cenários. Isso acontece porque, muitas vezes, não temos a completa consciência sob qual estado mental de processamento estamos funcionando no momento.
“Ver uma pessoa triste pode ser prazeroso se eu estou motivado a causar essa tristeza, mas angustiante se meu objetivo é ajudá-la. Por isso ampliar nossa capacidade socioemocional traz entendimento sobre como nossas reações a interações sociais dependem do contexto e qual a mentalidade social vou assumir perante o que sinto, um fator essencial para alcançar inteligência emocional”, detalhou Livia Ciacci.
Estimular o cérebro para desenvolver o emocional
Os circuitos do cérebro relacionados ao estado emocional fazem com que uma pessoa reaja a uma informação e grave como foi a reação e o resultado dela – para usar a mesma reação (ou não) em momentos similares àquele que aconteceu.
“O treino cogntivo impacta em como a pessoa vai julgar uma série de situações – de maneira positiva ou negativa, impactando consequentemente na liberação das substâncias do grupo do ‘quarteto fantástico’ ou do grupo da ‘reação ao estresse’. A ginástica para o cérebro, por meio de jogos e dinâmicas, atua nesse sentido, representando um ‘ensaio’ de reações e proporcionando autoconhecimento e reflexão”, explicou Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o cérebro.
Está difícil ser gentil?
Na prática, a gentileza nem sempre é uma máxima em nossas vidas por diversos motivos. A boa notícia é que, com um olhar mais apurado é possível caminhar em direção a esse sentimento. A psicóloga e especialista em treino cognitivo do SUPERA – Ginástica para o cérebro, Barbara Berwanger, enumerou 10 dicas para colocar a gentileza em prática no dia a dia, confira:
- Não tenha medo de elogiar. O elogio sincero pode transformar o dia de uma pessoa.
- Ouça mais – Ser um bom ouvinte é uma característica positiva que pode trazer bons frutos para a sua vida.
- Tenha empatia. Quando paramos para pensar que todos estão passando por alguma dificuldade, nosso senso de empatia aumenta consideravelmente.
- Seja gratuito. Não coloque tudo na perspectiva do “o que eu vou ganhar com isso?”
- Sorria! Certamente você já conheceu alguém que cativa o ambiente apenas com sua presença. Sorrir abre portas e destrava processos de forma simples e certeira.
- Mostre interesse. Já parou para pensar quanta diferença fazemos na vida das pessoas quando nos mostramos abertos ao que elas vivem?
- Peça desculpas. Todos nós temos orgulho e isso precisa ser trabalhado. Aprender a se desculpar e se retratar, é uma forma segura de manter uma postura mais aberta as pessoas.
- Pequenos gestos para o dia a dia. Quando falar com alguém, procure olhar nos olhos, acostume-se a dizer “obrigado”, diga a verdade com caridade e amor,
- Abandone o julgamento. Não jugar é um dos maiores desafios humanos e muitas vezes acontece de forma automática. Observe mais seus pontos de julgamento e faça um esforço para abandoná-los.
- Tenha coragem. Em um mundo cada vez mais digitalizado, de forma paradoxal, estamos cada vez mais fechados em nós mesmos. A gentileza nos aproxima do outro e isso por vezes nos trará medo. A coragem é um importante recurso para se aventurar na gentileza.
“É importante lembrar que, antes de ser gentil com as pessoas, precisamos ter um olhar mais carinhoso com nós mesmos. O autoconhecimento é uma jornada que não pode ser substituída, mas que proporciona bons e sólidos frutos”, concluiu a psicóloga.