As cenas da manhã da última terça-feira, 10 de agosto, já tomaram as páginas e os canais de jornais de todo o mundo. O presidente do Brasil articulou um evento em que algumas dezenas de carros de combate transitaram pelo planalto, mesmo sem nenhuma data comemorativa aparente. Um carro de combate é um sistema de armas que reúne em sua própria estrutura comandos essenciais de destruição. Pode-se listar poder de fogo, ação de choque, proteção por blindagem, mobilidade, informações e comunicações. Mecanismos e elementos que fazem parte de um período sombrio vivido por muitos brasileiros.
Mesmo não tendo ultrapassado dez minutos de desfile, a manifestação exibicionista se mostrou uma ação militar intimidadora diante do cenário político atual, onde manobras e mais manobras são realizadas para o alcance do grande objetivo. E não importa o motivo ou a causa, as medidas que sempre são tomadas em função das prerrogativas presidenciais, fogem ao entendimento democrático. As Forças Armadas são instituições nacionais, destinadas a defesa da Pátria e jamais podem ser usadas com o intuito de intimidar sua nação. O abuso do poder de autoridade suprema de um país e o uso indevido de recursos como as forças armadas para ameaçar adversários e atacar a oposição legitimamente constituída é inconstitucional.
É imoral assistir o andamento inconcebível da administração republicana brasileira. No nosso modelo atual, como se não bastasse os interesses particulares estarem escancaradamente acima do bem comum, valores, direitos e necessidades que são garantidos pela constituição, são deflagrados de maneira impiedosa e ridicularizados pelo próprio chefe de estado. É um massacre assistir todo esse espetáculo de circo, todas as críticas internacionais, conseguir enxergar essa realidade triste em que se encontra o Brasil e não ter onde se amparar, não ter a quem pedir socorro. Possuímos um país, um presidente e uma constituição em desuso.
Autora: Catharina Queiroz, Jornalista