Alvo de um mandado de busca e apreensão cumprido na última quarta-feira 07, a advogada criminalista Paloma Gurgel de Oliveira Cerqueira rebateu as acusações que vem recebendo do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MP-RN).
Ao longo desta semana, Paloma foi acusada pelo órgão de supostas participações em crimes de facilitação de fuga, falsidade ideológica e material, tráfico de influência e organização criminosa no âmbito da Penitenciária Estadual de Parnamirim (PEP).
De acordo com a advogada, na decisão assinada pelo juiz José Ricardo Dahbar Arbez, da 2ª Vara Criminal da Comarca de Parnamirim, não existe nenhum indício legal de que ela tenha tido participação nos crimes investigados pelo órgão fiscalizador, a exceção do fato dela ser advogada do detento João Maria dos Santos de Oliveira (conhecido como João Mago), que conseguiu escapar do PEP utilizando um alvará de soltura falso.
“O fato de eu ser advogada dele na época não quer dizer que eu tenha tido qualquer tipo de envolvimento com a maneira que ele conseguiu sair do presídio. O alvará não foi assinado por mim, não saiu do meu computador e ainda por cima possui inúmeros erros ortográficos. Além do mais, quem deve conferir se o documento é falso ou não, não sou eu, mas sim a administração da penitenciária”, rebateu a advogada.
Paloma afirmou que em nenhum momento foi lhe avisado que o detento iria deixar o presídio para que ela pudesse acompanhá-lo, o que reforçaria a tese de que a mesma não teve envolvimento algum com a soltura de João Mago. Justamente por isso, revelou não temer as investigações do Ministério Público e colocou todos os seus documentos a disposição.
“Quando o João Maria foi solto eu não fui convidada a ir no presídio e nem sequer sabia que ele estava saindo, justamente por isso estou bastante tranquila quanto a essa investigação porque sei que não cometi nenhum ato ilícito, só estou passando por isso porque era advogada do apenado na oportunidade. No mais, deixo todos os meus pertences a disposição para eles terem certeza que não fiz nada de errado”, completou.
Em 2015, Paloma Gurgel foi alvo de uma tentativa de homicídio no bairro de Neópolis, Zona Sul de Natal. Na oportunidade, ela foi surpreendida por dois homens quando se dirigia ao seu carro e um deles atirou sete vezes contra ela, a atingindo em três tentativas.
No contato com a reportagem, Paloma disse que as investigações atuais contra ela apenas lhe deixaram mais vulneráveis a criminosos uma vez que corre risco real de vida. Na decisão assinada pelo juiz José Ricardo consta o seu endereço em Natal, algo até então desconhecido.
“Fico triste pela exposição que o Ministério Público fez do meu endereço mesmo sabendo que corro risco de vida. Até hoje eu pago pelo atentado que fizeram contra mim. Passei por 12 cirurgias desde então e somente no último mês consegui definitivamente tirar os pinos que tinham colocado na minha perna”, encerrou.
Além de Paloma Gurgel, na mesma decisão, o juiz citado também expediu outros quatro mandados de busca e apreensão. Os demais alvos da investigação foram os agentes penitenciários Marcos Antônio Marques Santos, Durval Oliveira Franco e Robson Ferreira Dantas, além da advogada Ana Paula Nelson.
Nas últimas semanas, a Penitenciária de Parnamirim sofreu o maior revés do sistema penitenciário potiguar, quando 91 detentos conseguiram escapar das dependências do presídio utilizando um túnel de cerca de 40 metros de extensão.