Durante debate sobre a proposta de reforma administrativa em discussão no Congresso, o ex-ministro Ciro Gomes PDT) sugeriu que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não dispute as eleições de 2022 como candidato a presidente, em prol de uma aliança contra Bolsonaro.
Ciro disse que Lula deve se espelhar no exemplo de Cristina Kirchner, que deu um “passo para trás” e aceitou ser vice de Alberto Fernández, atual presidente argentino.
“A gente devia pedir generosidade a quem já teve oportunidade, como o Lula, que é um grande líder da história brasileira, mas a gente devia pedir a ele que se compenetrasse e que não imitasse o exemplo desastrado do Maduro na Venezuela ou o exemplo desastrado do Evo Morales na Bolívia. E que olhasse o que a Cristina Kirchner fez na Argentina, em que, tendo uma força grande, deu um passo pra trás e ajudou a Argentina a se reconciliar”, afirmou.
O ex-ministro citou a corrupção que marcou a gestão petista, o que, segundo ele, poderia minar a campanha de Lula.
“Imaginem vocês uma campanha em 2022, o Bolsonaro querendo se recuperar da impopularidade, a lembrar da esculhambação do Palocci, a esculhambação do Zé Dirceu, a esculhambação não sei de quem. Eu não digo nem que seja verdade ou que seja mentira, eu estou dizendo é o que eu estou vendo pela minha experiência”, disse.
“É fazer de novo a campanha antipetista em cima dos exemplos”.
Ciro Gomes já foi deputado, prefeito, governador e ministro, e disputou a eleição presidencial de 2018, da qual Bolsonaro saiu vitorioso.
“Derrotar Bolsonaro é muito importante, não por ódio a ele, mas para derrotar o desastre que ele está produzindo, na saúde, na economia, na relação internacional, em que o Brasil está desmoralizado.”
Para isso, ressaltou, o Brasil precisa de projetos nacionais, e uma “ampla aliança” política poderia ser o meio para atingir esse objetivo.
“Quem vai operar esse novo projeto nacional é a política, uma nova e ampla aliança, generosa aliança que vai permitir ao Brasil se reconciliar consigo mesmo.”
Ciro ainda disse que “botar uma coisa nova no lugar” de Bolsonaro é uma função “mais difícil e que pede muita reconciliação”.
“Até porque a direita brasileira vai largar o Bolsonaro ao mar e vai tentar se reciclar aí com uma carinha qualquer. Vão fazer a propaganda igual. E isso o Brasil não aguenta mais”, afirmou.
Na semana passada, Ciro Gomes assinou, junto a outros 6 possíveis candidatos à Presidência, um manifesto em defesa da democracia, movimento que foi visto como uma aliança contra Bolsonaro.
O documento foi assinado por Ciro (PDT), João Amoêdo (Novo), João Doria (PSDB), Eduardo Leite (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Luciano Huck (sem partido).
Poder 360