A ação contra a chapa Dilma Rousseff – Michel Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que pode cassar o mandato do presidente nesta terça-feira (6), começou como “um negócio aí para encher o saco” do PT. É o que diz o senador Aécio Neves (PSDB-MG) para o empresário Joesley Batista em conversa informal grampeada pelo delator no dia 24 de março, durante um encontro em um quarto no hotel Unique, em São Paulo.
Posteriormente, Joesley levou o material junto com outras gravações (incluindo uma com Temer) para a PGR (Procuradoria-Geral da República) na negociação do seu acordo de delação premiada, aceito pelo ministro Edson Fachin no STF (Superior Tribunal Federal)
É o senador quem assina, na condição de então presidente do PSDB, o pedido de cassação da chapa impetrado na corte eleitoral pouco após o resultado do pleito em 2014. Na conversa, ele diz a Joesley que não esperava que fosse tão longe: “É uma coisa que não achei que ia até o fim”. Depois, complementa: “A Dilma caiu e a ação continuou”
“E ele [o presidente Michel Temer] quer que eu retire a ação, cara. Só que se eu retirar… não tô nem aí se tirar”, diz Aécio, aparentemente solidário com o presidente e dizendo que por ele tudo bem desistir do processo. Apesar disso, havia, na avaliação dele, um problema e, por isso, ele não retirou a ação. “O [Rodrigo] Janot assume a ação, o Ministério Público assume essa merda”, avaliou o senador. A assessoria da Presidência da República nega que Temer tenha feito este pedido.
Joesley interrompe o senador, aparentemente apontando para a TV, e comenta as peças publicitárias da JBS, uma de suas empresas, em um intervalo comercial. O encontro aconteceu uma semana depois da Operação Carne Fraca, que tinha dentre os alvos frigoríficos da família Batista.