A Segurança Pública está um caos nesse Brasil, numa crise crônica que só recebe o nome de “crise”, para que não se admita oficialmente que há uma Guerra Civil em andamento. Os gestores de alto escalão tem se revelado incompetentes ou impotentes para vencer essa demanda, enquanto “especialistas de fora da Polícia”, ou “policiólogos”, dizem o que a Polícia foi, é e será.
Quem dá a identidade da Polícia, quem define como a Polícia deve ou não agir, quem mostra a realidade do Policial é, em geral, o apresentador de televisão, o cargo comissionado político ou o cineasta – e é isso que forma a opinião pública e acaba ditando as ações “espetaculosas” das Secretarias de Segurança Pública, bem como dá o tom de como o Poder Judiciário trata o trabalho Policial, em última análise. De fato, é isso mesmo: as Polícias estão sendo derrotadas, em grande parte, porque não são os Policiais que guiam os rumos do combate ao crime.
A verdade é que a Sociedade está longe de entender os meandros da Guerra Civil disfarçada de “Crise de Segurança Pública”… Daí que admite a ineficiência embalada em discursos pomposos dos gestores políticos – a coisa que mais enoja o Policial médio, que já sabe de cor o riscado da incompetência, desperdício de recursos, “peixadas políticas” e derrotas sucessivas diante do Crime cada vez mais organizado.
As insatisfações dos policiais são tantas e tão legadas ao descaso, que é de se perguntar porque essa categoria profissional, repleta de pessoas com excelente nível de escolaridade e desenvoltura social, não mete a boca no trombone e se posiciona como força motriz do Movimento Social pela causa da Segurança Pública. A resposta está na psicologia: o Policial, em geral, tem uma auto-imagem de “servidor público anônimo” e “apolítico”, daí que acha correto “não aparecer” para mostrar sua realidade e ” esperar da hierarquia acima” as soluções que, sejamos francos, são os políticos que podem dar. Com essa visão arcaica, ligada às origens de “pau-mandado” a serviço das elites que a Polícia tem, muitos policiais de hoje sabotam internamente a única forma de que seu trabalho seja valorizado e apoiado: a comunicação social.
Numa época em que até as próprias Facções Criminosas Prisionais estão emplacando movimentos sociais ( seguindo o exemplo de Facções Criminosas Políticas de tipo MST) e elegendo representação de cunho partidário tradicional nas Câmaras e Congressos, os Policiais dão uma clara mostra de inocência e falta de consciência socio-política ao esperarem dos seus comandantes institucionais ( que lá estão por indicação política, em cargos comissionados) que encabecem uma luta CONTRA o descaso dos mesmos políticos que lhes puseram no cargo… outrossim, é nítido que o modelo de organização classista de luta no modelo “sindicato” e “associação” sofreu um severo desgaste, tornando-se anacrônico mesmo, após a verdadeira degeneração do sindicalismo ocorrida na esteira dos 13 anos de Governo PT no Brasil – explicando assim a perda de força do modelo tradicional de reinvidicação trabalhista.
Num mundo de informação, redes sociais e ativismo, os policiais ainda pensam em termos de “receber reconhecimento” do Governo ou da população, e daí ter suas necessidades e anseios atendidos, somente sendo profissionais competentes e à parte da política. A colheita dessa visão equivocada tem sido achatamento salarial, sucateamento das instituições e decadência do status social da classe, além da derrota para o Crime. Convenhamos que é um preço caro demais para continuar a ser pago, numa hora em que policiais e suas famílias são caçados pelo Crime Organizado, expostos como marginais na TV e tratados como escravos pelos governos.
Os Policiais não são atendidos em suas justas demandas porque sequer são ouvidos, e não são ouvidos porque deixam ao encargo de terceiros ( nem sempre bem intencionados) a visibilidade de sua causa. Como não tem força política, são tratados como capachos; Como estão apartados da sociedade, são vistos com medo e desconfiança; Como estão cheios de algemas jurídicas, estão à mercê dos bandidos.
Amigos policiais: a solução está no ativismo social pela Segurança Pública ( independente de instituições) e na eleição de gente da Polícia para cargos em todas as instâncias do Executivo e Legislativo. Contando com suas famílias e amigos, são milhões de votos e de pessoas prontas para pressionar por melhorias na Segurança Pública – das mais diversas formas, nas mais diversas áreas.
O Caminho é esse!
Erick Guerra, O Caçador