O fogo que devorou o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, hoje, em 02 de setembro de 2018, no Rio de Janeiro/RJ, devorou também uma grande parte da história, da memória e dos registros da cultura e da política do Brasil e de cada brasileiro. Esse fogo também anunciou ao mundo, na luz de suas chamas, o descaso do governo federal para com a educação, a ciência e a cultura.
Em um país com poucas memórias registradas e documentadas, o governo permitiu que se extinguisse um de seus principais museus. Os cortes do governo federal nos recursos financeiros para universidades, museus e outros órgãos da educação, ciência e cultura fizeram arder em chamas o Museu Nacional e poderão fazer queimar, pelo fogo do descaso e da falta de investimentos, grande parte de nosso patrimônio cultural, distribuído em museus e universidades brasileiras, fazendo arder, nesse mesmo fogo, muito do que o Brasil investiu em educação, ciência e cultura nos últimos séculos.
Essa foi a maior tragédia para a história museológica do Brasil. Uma tristeza sem limites para museológicos, pesquisadores, professores e sociedade em geral. Essa foi mais uma (mas não a última) tragédia a atingir a cultura, a ciência e a educação, após o abandono dessas áreas pelo governo nacional. O Brasil ficou bem mais pobre com as chamas de um fogo que queimou grande patrimônio brasileiro, que fez virar cinza parte importante de nossas memórias. Morre um pouco de cada um de nós nesse mesmo fogo que queimou o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Meus sentimentos de pesar a todos/as nós brasileiros/as.
Por Gilton Sampaio