Adelino Angelim de Sousa Neto, ou “Amarelo”, morava em casa simples no Paranoá e não dava papo para a vizinhança.
O suspeito de integrar o grupo criminoso que roubou R$ 164,7 milhões do Banco Central em Fortaleza (CE) morava com a mulher e a filha em uma casa simples no Paranoá. Adelino Angelim de Sousa Neto, 36 anos, mais conhecido como “Amarelo”, foi preso na madrugada desta terça-feira (14/8) pela Polícia Militar do DF 13 anos após o assalto milionário. Os vizinhos ficaram surpresos com a notícia.
O imóvel de tijolos aparentes, telhado furado e paredes rachadas onde o Adelino, a mulher e a filha residiam é cercado por grades. Eles ocupavam o lote da frente. Nos fundos, mora outra família. A vizinhança diz que o homem acusado de envolvimento com o maior roubo a banco da história do país se mudou para o endereço há cerca de dois ou três meses.
“Amarelo” foi preso após denúncia anônima. Os PMs encaminharam o suspeito para a 6ª DP (Paranoá). Com base nas investigações da Polícia Federal, Adelino ajudou os integrantes da quadrilha a levarem parte do dinheiro furtado do banco.
De acordo com a Polícia Militar, o acusado já havia sido preso em 2017 com seis armas de fogo no Paranoá. À época, alegou ser vigilante e armeiro (que reforma armas). Mas morava em uma casa grande, com hidromassagem, em um condomínio da mesma região administrativa.
Adelino foi solto dias depois. No último fim de semana, a PM recebeu a informação de que ele teria voltado ao Paranoá, dessa vez para uma casa mais humilde, na Quadra 10. O suspeito foi localizado, preso e levado à delegacia. Agora, ele será encaminhado à carceragem da Polícia Civil, onde aguardará transferência para o Ceará.
Quando a prisão pelo assalto ao Banco Central foi expedida, o criminoso teria fugido para a região do Entorno do DF. Mesmo após o bandido ter sido condenado devido ao roubo, a mulher diz que Adelino é inocente. “Quando me casei, soube que respondia a um processo, mas ele não tem envolvimento com isso”, disse a esposa do acusado, que é casada com o suspeito há 13 anos, segundo ela. Eles se conheceram em Fortaleza.
Um dos vizinhos contou que Adelino era “um cara tranquilo e nunca deu problema nenhum”. O aposentado Cândido Moraes, 65, disse que mora na quadra “desde o começo” e que o assaltante “nunca dava as caras”.
“Quase nunca saía de casa”
Manoel Henrique Silva, 57, é proprietário de um bar vizinho à casa do suspeito. Ele confirmou que Adelino “quase nunca saía de casa”. “Era muito difícil ver ele (sic)”, ressaltou. Adelino dizia que era autônomo e, segundo a mulher, eles moravam de aluguel. No momento em que a reportagem estava no local, ela chegou em um Voyage branco. E não quis se identificar.
O advogado de Adelino, Pedro Barreto, afirmou que a participação do cliente no assalto ao Banco central “foi periférica”. “Ele nem tocou no dinheiro. Foi procurado por envolvidos com o assalto que queriam comprar um carro. Na época, vendeu automóveis para integrantes do grupo, sem o conhecimento de quem eram”, afirmou.
Inicialmente, Adelino foi condenado a 18 anos de prisão, mas a defesa recorreu e conseguiu reduzir a pena para 14 anos e 6 meses. Quando o crime de organização criminosa prescreveu, a sentença foi fixada em 3 anos. Adelino era considerado foragido da Justiça.