236 pessoas morreram no Rio Grande do Norte enquanto aguardavam por um dos leitos direcionados ao tratamento de pacientes com sintomas do novo coronavírus. O dado consta no novo indicador da sala de situação do RegulaRN, que mostra o total de solicitações de leitos canceladas e o motivo do cancelamento e foi observado no início da noite desta segunda-feira.
No início da semana passada, a promotora de Justiça da Saúde Iara Maria Pinheiro de Albuquerque já havia revelado que, desde o início da pandemia, cerca de 200 pessoas morreram na fila de espera por UTI.
“Outro dado que é muito duro e que nós temos que publicizar, e às vezes a sociedade ela não enxerga, mas nós estamos, enquanto membros do Ministério Público, monitorando a situação de ocupação de leitos na rede, especialmente rede público, mas também monitoramos na rede privada, é o número de óbitos que estão acontecendo, as solicitações de cancelamento de pedido de UTI há semanas já, de forma muito intensa nos últimos dez dias, por falta de leitos. Diversos pacientes, diversas unidades solicitantes de leitos de UTI, no Regula RN, solicitaram cancelamento de UTI, motivo óbitos.
Os pacientes, é muito duro falar isso, eu, particularmente fico até emocionada… Eu peço desculpas, mas são 200 pedidos de solicitação de cancelamento de leito de UTI por óbitos. Não quer dizer que essas pessoas se tivessem chegado a um leito tivessem sobrevivido, mas quer dizer que elas não tiveram a chance de chegar”, disse a promotora de Saúde.
Antes disso, no mesmo vídeo, ela havia chamado a atenção para a inexistência de uma rede com capacidade para arriscar uma maior circulação de pessoas nas ruas.
“Foi fortemente apontado a situação que eu chamo de pico crítico de hospitalizações. Não há rede para se arriscar uma maior circulação de pessoas na rua, onde essa transmissibilidade, esse R(t) muito provavelmente volta a subir onde, eu tenho mais interações, mais contaminação, mais adoecimento e uma rede plenamente saturada. Por outro lado, a ativação de leitos por parte da Secretaria Estadual de Saúde, que praticamente é o único ente estatal que vem ativando leitos no Estado, não há uma previsão satisfatória de abertura de leitos para os próximos dias em um patamar que retirasse a rede pública dessa situação crítica que nós estamos insistindo aqui que ela existe.
O que se tem, com clareza, é que nos próximos dias serão abertos 30 leitos de UTI na Região Metropolitana, que é uma região que está altamente comprimida na sua rede pública de saúde. Serão dez leitos no Hospital de Macaíba, 20 leitos no Hospital João Machado, o anexo clínico do João Machado.
É bastante insuficiente só se considerarmos o número atual de pacientes que está em fila para leitos de UTI”.
A ocorrência de óbitos é o segundo motivo de cancelamento de solicitação de leitos, conforme exposto no RegulaRN. O primeiro é a expiração da solicitação – 487 cancelamentos.
A impossibilidade de transporte é a terceira causa de cancelamento – 149 casos.
136 solicitações foram canceladas por alta hospitalar, 133 por iniciativa do regulador e 108 por melhora clínica